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Tele-Apae é diferencial da Associação em Manhuaçu

23/05/2014 - Atualizado em 23/05/2014 07h46

MANHUAÇU (MG) - Em visita e audiência pública à Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Manhuaçu, nesta quinta-feira (22/5), a Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) conheceu o Tele Apae, um serviço de telemarketing que é um dos diferenciais da entidade no município.

São aproximadamente 6,2 mil doadores da região (entre eventuais e fixos), que garantem 40% da arrecadação da Apae, mensalmente, e mantêm a instituição em funcionamento, segundo o presidente da Apae, Luiz Carlos de Carvalho. “Só não pedimos a cidades que já têm Apae”, ressalva Carvalho. Ao mesmo tempo, o gestor observa que a questão financeira pode ser considerada um dos principais problemas da entidade. Em 2013, o orçamento da entidade foi de R$ 1,2 milhão.

A visita e a audiência na Apae de Manhuaçu são o oitavo evento sobre Apaes do Estado, de um total de dez. O objetivo dessas ações é buscar conhecer os serviços prestados, verificar a infraestrutura e debater o financiamento e as condições de funcionamento dessas entidades.

Na parte da manhã, o deputado Bosco (PTdoB) foi recebido pela diretoria da Apae, que apresentou as instalações da entidade. No total, a associação atende 398 pessoas, entre alunos atendidos em sala de aula e aqueles que utilizam os serviços de saúde. Os alunos têm aulas de 7h05 às 11h20 e de 12h30 às 16h45. Também têm oficinas de culinária, artesanato, papel reciclado, marcenaria e pintura. Há de oito a 15 alunos em cada sala. A instituição possui, ainda, uma loja em que são vendidos produtos confeccionados pelos próprios alunos e seus pais.

A coordenadora do Centro de Saúde, Débora Vargas Perim, disse que o atendimento inclui a estimulação precoce, escolaridade, educação profissional, fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia, serviço social, atendimentos médicos com neurologista, psiquiatra e pediatra.

Débora observou que outro fato digno de nota é que a Apae de Manhuaçu já integra o programa do Governo Federal voltado para atendimentos de pessoas com deficiência, os Serviços Especializados de Reabilitação em Deficiência Intelectual da Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência do SUS/MG (Serdi 1). “Agora, passaremos para uma nova etapa, o Serdi 2, que contempla não só os atendimentos, mas também a capacitação, passando, desse modo, a ser um formador de profissionais da área”, afirmou.

A diretora da Escola Estadual Pearl White Slaib Fadlala, Tânia Maria Alves, explicou que a equipe de professores da associação conta com 12 professores cedidos pelo Estado (um deles de caráter eventual), cinco cedidos pela prefeitura e dois professores da própria Apae. Ao todo, são 97 funcionários (incluindo os professores), além de voluntários que ajudam nos trabalhos.

Entre os problemas enfrentados pela associação, Tânia disse que a falta de capacitação dos professores é um dos maiores. Além disso, ela comentou  que a escola especial exige um olhar diferenciado. “A admissão de um profissional para a escola especial segue a mesma legislação da escola regular. Tinha que ser diferenciado”, avaliou.

Relatório aponta as principais carências

Na parte da tarde, no auditório da Apae, em audiência pública promovida pela comissão, a atenção se voltou para o panorama do atual momento das Apaes das circunscrições mais próximas, com a presença de vereadores e gestores de associações de municípios da região. O deputado Bosco, que conduziu a reunião, disse que a comissão encaminhou questionários às Apaes dos municípios que compõem a circunscrição dos conselhos regionais cujos representantes foram convidados para a reunião. Ao todo, 20 Apaes responderam os questionários. Das entidades pesquisadas, 60% declararam que possuem imóvel próprio e 35% possuem imóvel cedido.

Em relação à estrutura de atendimento, 85% informaram ser adequadas, porém insuficientes. As entidades relataram a necessidade de mobiliário, construção de áreas de recreação e de atividade física; equipamentos de tecnologia e materiais pedagógicos adaptados; manutenção, reforma e ampliação das instalações físicas; construção de piscina aquecida; aquisição de equipamentos de comunicação e tecnologia assistiva.

As 20 instituições da região realizaram, no ano passado, 31.266 atendimentos na área de saúde e beneficiaram 52.933 pessoas, entre alunos, familiares e pessoas da comunidade, com ações de assistência social. Das instituições pesquisadas, 60% declararam que os recursos previstos para o exercício de 2014 não são suficientes para a plena execução do plano de atendimento da instituição.

Quanto às deficiências identificadas na prestação dos serviços de saúde, foram destacadas a falta de profissionais especializados; a impossibilidade de atendimento de todas as especialidades na própria Apae; a falta de convênio com o SUS; falta de recursos financeiros para contratação de pessoal; e carga horária insuficiente de alguns profissionais que prestam atendimento.

Com relação à assistência social, os principais obstáculos são a falta de carro próprio para realização de visitas domiciliares; a falta de vagas ou excesso de exigências, impedindo que os alunos sejam inseridos no mercado de trabalho; ausência ou quantidade insuficiente de assistentes sociais para atendimento exclusivo na Apae; e falta de espaços adequados para a realização de oficinas com os alunos.

Audiências contribuem para fortalecer associação

“Com certeza, essas audiências públicas promovidas pela Assembleia contribuirão para o fortalecimento das Apaes”, destacou a superintendente regional de Ensino de Educação de Manhuaçu, Patrícia Luciene Lima Fialho. Ela acrescentou que debater o tema da inclusão pressupõe primeiro o respeito às diferenças, que se traduz no atendimento às necessidades de cada aluno. Nos 18 municípios sob jurisdição dessa superintendência, apenas nove deles têm Apaes.

Para a conselheira regional do Vale do Aço e Rio Doce, Marilene Gomes Botelho Valentim, que representa 20 Apaes, a ação que Minas Gerais abraça as Apaes é muito importante. “Ao mesmo tempo em que apoia as entidades, dá visibilidade a elas”, disse. Marilene afirmou, também, que o abraço é extensivo às famílias das pessoas com deficiência e que deve ser cada vez mais valorizado.

O vice-presidente da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae Manhuaçu/MG), Jeremias José Mayrink, fez um histórico da Apae de Manhuaçu, que foi fundada em 1973, por iniciativa da maçonaria local. Em 1980, interrompeu suas atividades por dificuldades financeiras. A partir de 1988, ela retomou suas atividades, dessa vez em parceria com a Escola Estadual Pearl White Slaib Fadlala. Hoje, é a única instituição da região que presta serviços com equipe multidisciplinar à pessoa com deficiência, de Manhuaçu e municípios vizinhos, atendendo portadores de deficiência mental, física, auditiva, visual e múltipla a partir dos primeiros meses de vida. Para Mayrink, o ponto forte da Apae de Manhuaçu são os profissionais da instituição.

“Não é difícil falar da Apae. É só ver o que nos oferecem aqui. O presidente da Apae vai em nossa casa e nos visita, quer saber como estamos. Além disso, é uma equipe muito boa, concentrada em um só local, o que nos facilita demais. Faz com que nosso grupo cresça mais. E isso se chama inclusão, pois incorpora também os pais, não apenas os filhos com deficiência”, disse a representante dos pais dos alunos da Apae de Manhuaçu, Maria das Graças do Santos Silva.

Na sequência, o representante dos alunos da Apae de Manhuaçu, Carol José da Costa, falou de sua experiência pessoal. “Entrei na Apae quando criança. No início era muito revoltado. Com o tempo aprendi a conviver melhor com as pessoas e principalmente com minha mãe”, afirmou.

O consultor técnico da Federação das Apaes de Minas Gerais, Jarbas Feldner de Barros, lembrou da importância de políticos comprometidos em ajudar as Apaes. “A parceria com a Assembleia mineira nos ajuda a transformar letras em ações”, afirmou. Barros disse que, no dia 2 de junho, a ALMG promoverá a Reunião Especial Minas abraça as Apaes, em que será entregue um documento com a análise de todos os questionários e as demandas apresentadas nas audiências no interior.

“Não adianta os pais das pessoas com deficiência quererem a inclusão se, do lado da sociedade, não haja a mesma vontade. E é com grande expectativa que estamos acompanhando essa ação da ALMG para fortalecer as Apaes”, completou o consultor técnico.

“A Apae de Manhuaçu tem muitos desafios e pode sempre contar com a Câmara", disse o presidente da Câmara Municipal de Manhuaçu, Maurício de Oliveira Júnior.

Assessoria de Imprensa ALMG

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