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Mau cheiro, peixes mortos: o rio Manhuaçu agoniza

29/09/2014 - Atualizado em 29/09/2014 20h00

MANHUAÇU (MG) - A forte estiagem que afeta grande parte do Brasil tem levado o Rio Manhuaçu a níveis cada vez mais baixos e a redução drástica no volume de água já ameaça a vida aquática. Nesta semana, peixes mortos foram vistos boiando no leito do rio em toda a extensão da cidade, a princípio, devido é falta de oxigênio na água. Com o calor e o esgoto, o mau cheiro é cada vez pior.

Enquanto alguns peixes se refugiam nas margens do rio tentando respirar, muitos sobem frequentemente à superfície. Ao mesmo tempo, pedras no meio do rio, que normalmente estariam submersas, atualmente são visíveis tamanha a estiagem. Algas fecham o leito em determinados pontos.

MORTANDADE DE PEIXES

A bióloga Emilce Estanislau, da Vigilância Ambiental de Manhuaçu, conta as principais causas do fenômeno são o baixo volume do rio e a elevação da temperatura da água - resultado do aumento do calor nesta época do ano -, que somados é poluição, acabam por comprometer a oxigenação das águas do rio.

“Estamos num ano bem atípico. O baixo volume de chuva comprometeu a quantidade de água nos rios, contudo o volume de esgotos continua o mesmo. Ou seja, temos um volume pequeno de água e uma quantidade enorme de matéria orgânica. O processo que estamos vendo acontecer é justamente a falta de oxigênio na água. Isso provoca a mortandade dos peixes. Na realidade, o que acontece é que a água por si só não consegue se oxigenar, se depurar. O volume está muito baixo e não tem oxigênio. Estamos acompanhando isso neste ano e, infelizmente, as previsões para o futuro não são animadoras, com a falta de chuvas”, conta.

Emilce ressaltou que o problema vem ocorrendo em vários municípios do país e da Bacia do Rio Manhuaçu. Ela conta que a solução só acontecerá quando o esgoto for tratado. “É preciso captar o esgoto, trata-lo numa Estação de Tratamento de Esgoto e devolve-lo ao rio sem essa carga orgânica significativa”.

Ao mesmo tempo, a bióloga conta que a vegetação favorece os rios, inclusive ajuda a manter a margem do rio mais fresca. “Como as pessoas notaram, os peixes vão para os cantos, pois são mais frescos e tem um pouco mais oxigênio”.

A bióloga Emilce Estanislau fala que outro fator agravante é o lixo jogado no leito do rio Manhuaçu e de córregos. “Só piora a situação. Se já falta oxigênio por causa do esgoto, que já é muita matéria orgânica, quando jogam lixo estão poluindo mais ainda. O resultado é que só veremos mais peixes mortos”.

Emilce ainda faz um alerta e diz que os peixes do rio Manhuaçu nem em situações normais devem ser consumidos. “Em geral, o rio é muito poluído por conta do grande volume de esgoto. Temos uma carga muito alta de coliformes fecais nesse rio. Essa história de que pesca e depois frita e tal, não elimina os perigos para a saúde. Pegar um peixe morto, que já está num processo de decomposição, e consumi-lo pode acarretar intoxicações alimentares graves. Orientamos que não pesquem no rio Manhuaçu, especialmente nessa época do ano”.

MAU CHEIRO

Quem mora nas margens do rio Manhuaçu já está sentindo o impacto da falta de água no rio. Já poluído e com a estiagem o lixo acumulado, esgoto e peixes mortos aumentaram consideravelmente o mau cheiro.

Em toda a extensão da cidade e nas pontes é perceptível o problema. Em vários locais, moradores e pedestres param para ver os peixes agonizando. Outros boiam mortos.

No Engenho da Serra, um eucalipto formou uma represa junto as algas que estão invadindo o leito do rio. A barragem de peixes mortos está cada dia pior. O mau cheiro insuportável.

Carlos Henrique Cruz / Jailton Pereira - Fotos Portal Garotinho / Roberval Antunes - portalcaparao@gmail.com

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