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Caso Oliveirinha: familiares clamam por Justiça

01/10/2014 - Atualizado em 01/10/2014 15h24

Familiares clamam por justiça no Caso Oliveirinha

MANHUAÇU (MG) - Desde que Oliveira Borges de Pinho Filho, de 62 anos, morreu, na madrugada do dia 09 de setembro, sua família vem clamando por justiça. Ele foi esfaqueado pelas costas numa briga, ocorrida no dia 02, uma semana antes de sua morte, num semáforo, localizado na região do bairro Bom Pastor. Dois dias após o crime, os autores, Adriano Henrique de Paiva, de 41 anos, e seu filho, Lucas Henrique da Silva Paiva, de 20 anos, se apresentaram à polícia, prestaram seus testemunhos e foram liberados. Agora, a família luta para que a justiça seja feita o mais depressa possível.

A reportagem foi procurada pela família de Oliveira, que morreu num dos crimes de grande repercussão na cidade. A advogada Amanda Borges, filha da vítima, Cosme Damião Borges, irmão de Oliveira, e Diego Borges, sobrinho, conversaram com a reportagem e pediram as autoridades justiça quanto ao crime.

Segundo Amanda Borges, filha da vítima, desde que seu pai morreu, a família está totalmente abalada. A esposa de Oliveira, sua mãe, estava casada a 42 anos e está passando por um momento muito difícil após sua morte. “Ela, assim como todos nós, estamos à base de remédios. Ela não quer sair de casa, só vai para o trabalho porque não pode tirar licença devido ao cargo. Ela tem várias atividades voluntárias e já não quer ir a nenhuma mais. Não atende mais telefone, só da família mesmo”. Ela ainda acrescenta que praticamente todos os membros da família já não conseguem mais trabalhar, estão todos muito chocados e indignados com o que aconteceu.

Sobre a desavença que ocorreu, que teria motivado o crime, nem a família sabe ao certo o que ocorreu. “Eu me lembro, que minha mãe sempre falava que alguns anos atrás, o Lucas, que é o filho, passou na calçado, onde meu pai tinha estabelecimento. Meu pai estava na calçada e esse menino de bicicleta, esbarrou no meu pai e na caminhonete dele. Meu pai contou que nisso, ele ficou zangado com o menino e disse que calçada não era local de passar com bicicleta. Agora o que aconteceu depois, porque eles continuaram se desentendendo, nós nunca soubemos. Ele só falava que o filho Adriano’ implicava muito com ele, dizia que ele passava de bicicleta e mexia com ele, mas nunca disse como isso ocorria. Nós também não achávamos que poderia chegar até onde chegou. O perfil do meu pai não era o perfil de seguir, como eles alegam, que ele perseguia, que xingava no meio da rua. Isso não era o perfil dele. Várias pessoas que o conheceram podem confirmar isso”, relata.

Oliveira foi morto próximo ao semáforo da Baixada, em Manhuaçu

Amanda declara que saber que os autores dos golpes que mataram seu pai, não ficaram sequer um dia presos ainda, foi muito difícil. “Foi muito difícil para nossa família, saber que na semana que meu pai estava internado e morreu, os responsáveis já haviam sido liberados”, se entristece e seu primo, Diego Borges, ainda completa: “é um sentimento de impotência contra a própria legislação, de dar brecha para que pessoas que tiraram a vida de alguém por motivo banal e ficar solto. Eles deveriam ter permanecido presos até o julgamento e descontado o prazo que ficou preso na pena posterior”, afirmou Diego.

A filha da vítima ainda afirma que a indignação de toda a família é enquanto a legislação, pois o delegado, os juízes e os promotores fazem o que a lei determina. “Nós viemos até a reportagem e vamos nos manifestar para que as autoridades não deixem que os responsáveis saiam livres disso. O que todo mundo nos fala é que eles vão passar pelo júri, mas não serão condenados, então eu não posso nem acreditar numa situação dessas. Se eles não forem condenados, eu, que sou uma advogada porque acredito na justiça, perderei toda a minha fé nela”, declara.

Desde quando o irmão estava em estado grave no hospital, Cosme Damião Borges, que mora no Rio de Janeiro, está em Manhuaçu. “Vim para me despedir do meu irmão e acabei ficando para dar apoio a toda a família que está aqui na cidade. Nossa família, embora seja oriunda de Manhuaçu, não se restringe só aqui, nós temos familiares espalhados pelo Brasil e pelo mundo e todos tem entrado em contato conosco e estão consternados com essa violência brutal, que é inadmissível que se aconteça. Sou servo de Deus, mas clamo pela justiça dos homens, do promotor, do juiz. A nossa família quer uma resposta deste crime bárbaro, violento, covarde. Meu irmão foi morto pelas costas, sem portar nenhum tipo de armas, foi morto a pauladas na cabeça, com vários golpes de canivete pelo corpo todo, por duas pessoas, que se juntar as duas idades não dá a do meu irmão”, se emociona Cosme.

De acordo com Amanda, o crime foi muito cruel, pois além de morto pelas costas, Oliveira havia levado várias pauladas na cabeça. Ele afirma que ele chegou consciente no hospital, mas depois da cirurgia, devido às pancadas na cabeça, logo em seguida entrou em coma.

A LUTA POR JUSTIÇA

No inquérito policial instaurado, os envolvidos afirmam que Oliveira os havia ameaçado e que estavam com medo que ele tivesse alguma arma de fogo. Segundo Amanda, seu pai nunca teve arma de fogo.

De acordo com o Delegado da Polícia Civil responsável pelo inquérito instaurado, Dr. Guilherme Mariano Caldeira Coelho, a PC tem um prazo de 30 dias para concluir as investigações. “Já estamos em fase final, conseguimos pegar o relatório médico, relatório de necropsia, o laudo da perícia, testemunhas e depoimento dos investigados. Já está na fase de fazer o relatório final e encaminhar para a justiça”, informou.

O delegado ressaltou que na conclusão do relatório está analisando a possibilidade de pedir a prisão dos envolvidos. “Não a dúvida da autoria do crime, eles já contaram como ocorreu, e tem a confissão. Os envolvidos são réus primários, sem antecedentes criminais, e a versão dos autores é que a confusão entre eles e a vítima vinha de longa data. Agravou no sábado, quando ocorreu uma briga na porta de uma revendedora de veículos, e na terça-feira ocorreu o crime. O investigado mais novo estava passando de carro, a vítima o viu e começaram a discutir verbalmente. O filho ligou para o pai, que já veio em direção a vítima e aí se iniciou a confusão. Os autores alegam que houve uma ameaça de Oliveira, chegaram até a fazer uma ocorrência, mas não chegamos a apurar”.

Delegado Dr. Guilherme falou sobre o caso

Dr. Guilherme relatou que no local foram encontrados pedaços de pau e um dos canivetes usados, mas nenhuma arma de fogo foi utilizada. As testemunhas ainda informaram em depoimento que Oliveira não portava nenhuma arma, que entrou em luta corporal com Adriano e Lucas, mas não portava nada.

Após o relatório final pronto, ele será encaminhado para o Fórum. Após isso, o próximo passo é que o Juiz abra vista no Ministério Público, que pode requisitar alguma outra diligência ou já oferecer a denúncia. Só após esse processo, os envolvidos irão a julgamento.

Segundo Diego, a ideia é mobilizar a todos para que os responsáveis respondam pelo crime. “Hoje é meu tio, amanhã pode ser o pai de qualquer um, pois impunidade gera mais impunidade. Um trabalhador, pai de família. Não estamos falando que eles vão voltar a fazer isso, não é isso, mas pode gerar outros casos, espelhados até na impunidade”.

“Espero que as autoridades competentes cumpram seu dever, façam o trabalho deles, mas como se a vítima fosse um dos familiares deles e faça justiça. Não quero que esse fato que ocorreu como meu tire minha crença na justiça. Sei que a condenação deles não trará meu pai de volta, mas quero que a justiça seja feita, que os envolvidos sinto um pouco da dor que estou sentindo”, comove-se Amanda.

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