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Mudanças no FIES são criticadas em audiência na Câmara

19/05/2015 - Atualizado em 19/05/2015 10h59

MANHUAÇU (MG) - A Câmara de Manhuaçu debateu as mudanças de regras no Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) durante audiência pública na presidência de Jorge Augusto Pereira "Jorge do Ibéria". O encontro foi promovido em apoio ao movimento Mais Educação.

Representantes das quatro instituições de ensino superior de Manhuaçu: Faculdades Doctum, Faculdade do Futuro, Faculdade de Ciências Gerenciais (FACIG) e CEM/Unopar participaram do diálogo.

O Professor de Direito da Doctum e integrante do movimento Mais Educação, Roberto Fully, comentou sobre a mobilização. "Fico muito feliz de estar na Casa do povo porque a Câmara tomou uma atitude história porque em nenhuma cidade foi feito isto que é pegar uma questão nacional e discutir em âmbito local. Infelizmente o Governo Federal faltou com a verdade e trouxe uma profunda angustia e tristeza aos alunos. Hoje, neste debate de uma forma linda, não vi partidos políticos e divisão de instituições de ensino, mas vi toda população abraçada em prol de uma causa. Essa audiência irá produzir dois efeitos, sendo o primeiro que a Câmara de Manhuaçu irá encaminhar à Câmara de Deputados Federais o pedido de audiência com o Congresso e a outra questão é que o Ministério Público Federal pediu que esse momento fosse gravado a fim de virar provar numa possível ação que irá mover contra o Governo Federal. Hoje foi um banho de democracia e todos ficaram emocionados com as histórias dos alunos", desabafou.

O Professor e Diretor da rede Doctum, Rodrigo Mendes, fez um balanço da audiência. "Foi uma oportunidade para as instituições, professores e alunos manifestarem a indignação com as últimas políticas do Governo Federal com o corte do FIES. As instituições e alunos estão passando por dificuldades. Estamos querendo resolver isto. Entendemos que a nossa voz será levada à Brasília por meio da Câmara Municipal", salientou.

O Professor e Diretor da Faculdade do Futuro, Guilherme Almeida, também falou: "O saldo foi bem positivo. Conseguimos mostrar a insatisfação dos alunos", contou.

O aluno do 3º período da Doctum, Nereu Edson do Carmo, relatou as condições atuais. "O governo nos motivou com o FIES, mas agora estamos frustrados com essa notícia. O FIES está sendo na verdade um viés e quantos de nós estamos ficando prejudicados. Isto é lamentável. Nós somos brasileiros e não perdemos a esperança", pontuou.

O responsável pela mobilização, vereador Maurício Júnior, criticou a forma como o programa vem sendo conduzido. "O vereador é o político mais próximo do cidadão e viemos atender o clamor do povo para fazer essa audiência a fim de ouvirmos os alunos que estão passando por esta dificuldade. Nós queremos um país qualificado. A decisão do governo está prejudicando muitos cidadãos. Verificamos testemunhos de pessoas que querem se qualificar, estudar e melhorar a vida, mas o sonho está sendo retirado pelo Governo Federal", justificou.

Maurício Júnior ainda apresentou o ofício de apoio encaminhado pelo Deputado Federal Renzo Braz. O parlamentar argumentou ainda que alunos que não conseguiram se inscrever estão abandonando os cursos superiores ou fazendo financiamento com as próprias universidades ou com bancos particulares.

O Presidente da Câmara, Jorge do Ibéria, fez um balanço positivo. "A audiência foi muito importante. Ouvimos depoimentos dos alunos que estão passando por dificuldade. Vamos encaminhar o documento ao Governo Federal e aos deputados para que se mobilizem e resolvam este problema. Lembramos mais uma vez que a Câmara está de portas abertas para os assuntos que afligem a comunidade", argumentou.

O Vice-Presidente da Câmara, Paulo Altino, se emocionou em sua fala. "Há pouco tempo os jovens sem condições de estudar estavam conseguindo, mas agora parece que está mais difícil. Fico emocionado quando falo porque sei das dificuldades para formar um filho e eu nem tive condição de estudar. O governo tem que entender que o melhor investimento é na educação e que só dá lucro. Esperamos ter alavancado o assunto e que o governo fique mobilizado com isto. Não podemos acabar com o sonho dos jovens, temos que ajudá-los a realizar", disse.

O Vereador Anízio Gonçalves também desabafou: "Como presidente da comissão de educação, nossa missão foi ouvir o clamor e indignação dos alunos. O sonho deles está sendo interrompido e não podemos deixar isto acontecer. Vi em cada depoimento dos acadêmicos a tristeza de ter o estudo interrompido", relatou.

FIES

O Fies permite ao estudante cursar uma graduação em uma instituição particular e, depois de formado, pagar as mensalidades a uma taxa de juros de 3,4% ao ano. O aluno só começa pagar após 18 meses de concluído o curso. O prazo para novas inscrições se encerrou no dia 30 de abril. O Ministério da Educação (MEC) prorrogou para 29 de maio o prazo apenas para quem já tem o auxílio e precisa renovar o contrato. Muitos estudantes reclamam que não estão conseguindo fazer a inscrição e temem ficar sem o auxílio.

Algumas instituições de ensino superior argumentam que o FIES é responsável por financiar de 40 a 45% dos alunos.  Desde que houve as mudanças, o número caiu drasticamente.

Novas regras

A partir desse ano, o aluno que concluiu o ensino médio após o ano de 2010 só poderá contratar o Fies caso tenha feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e tenha obtido a média aritmética de 450 pontos na prova e não tenha tirado nota zero na redação. Antes, não havia essa obrigação de nota mínima no exame, pois bastava que o aluno tivesse feito o Enem para contratar o Fies. De acordo com o MEC, a mudança visa a melhorar a qualidade do ensino universitário privado.

Assessoria de Comunicação

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