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MANHUAÇU (MG) - APAC de Manhuaçu recebeu a visita de estudantes da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) durante a última sexta-feira, 16/05. A unidade é referência para os projetos que estão sendo implantados no Espírito Santo e foi tema de palestra do Advogado e Professor Diogo Abineder Nolasco, para o quarto período do Curso de Direito da UFES.
Eles vieram a Manhuaçu conhecer na prática os regimes disciplinares e todo método adotado pela associação na recuperação dos apenados.
Para a presidente da APAC de Manhuaçu, Dra. Denise Rodrigues, “é muito importante a realização dessas visitas. Os estudantes saem daqui com um conceito novo sobre a execução penal. Percebem que aqui em Manhuaçu e, em Minas Gerais, a APAC funciona e atende muito bem tudo o que está disposto na lei de execuções penais. Isso é fundamental para a formação dos profissionais que se formarão em Direito”.
A partir do momento que ingressam na APAC, os recuperandos têm um novo objetivo na vida, que é a mudança de comportamento. A unidade de Manhuaçu tem uma taxa de sucesso de 95% na recuperação das pessoas que por aqui passaram.
O advogado e professor Diogo Abineder conta que recebeu o convite do Professor Ricardo Gueiros, da Universidade Federal do Espírito Santo, para apresentar o cumprimento de pena no Brasil e, especialmente, o trabalho da metodologia APAC em Manhuaçu. “Foi a partir daí que houve esse convite para conhecerem a unidade e que está servindo de modelo para construção de outras APACs, especialmente no Espírito Santo. Eles puderam perceber na prática e comparar o método tradicional do Estado e o trabalho que é feito na APAC de Manhuaçu. Os próprios recuperandos guiaram os alunos na visita, apresentado todos os setores e o funcionamento da nossa unidade”.
Quem visita a APAC de Manhuaçu realmente sai com outra visão sobre a recuperação de presos. A ausência de grades e vigilância quebra preconceitos. Por conta desse modelo bem sucedido há quatro anos, a cidade tem sido visitada por comitivas de várias cidades.
O Professor Ricardo Gueiros, da UFES, já conhecia o método APAC através de colegas que haviam vindo a Manhuaçu. “Realmente a diferença é muito grande, diria até surpreendente. Chegar a um local e ver que os próprios recuperandos, como são chamados os presos, tomam conta de toda a estrutura, inclusive do acesso ao local, é uma visão totalmente inesperada. Eu resumo essa visita numa frase: ‘Existe jeito’. A lição principal aqui é que o Estado tem que acreditar nesse sistema e propiciar que isso exista para realmente ter a recuperação do preso e a sua reinserção na sociedade”.
A Promotora de Justiça Daniela Moisés, também integrou a comitiva, e reforçou a boa impressão que teve na visita a Manhuaçu. “A diferença entre o sistema convencional e o sistema APAC é uma questão de oportunidade. Aqui, os internos têm oportunidades de se integrar à sociedade, podem estudar, trabalhar e estão com o mínimo de tempo ocioso. Ele é respeitado como cidadão, recebem incentivos e podem optar por uma nova vida”.
Carlos Henrique Cruz / Jailton Pereira - portalcaparao@gmail.com