Dia da Luta Antimanicomial em Manhuaçu

MANHUAÇU (MG) - Grupo de pagode para animar e muito samba no pé. Assim foi a comemoração do Dia Nacional de Luta Antimanicomial na área externa do CAPS II - Centro de Atenção Psicossocial, junto à Secretaria Municipal de Saúde nesta segunda-feira, 18. Com participação dos servidores do CAPS e dos usuários do serviço atendidos regularmente, o momento de confraternização foi para celebrar a liberdade segundo destacou a coordenadora Lia Márcia Emerich.

O Dia Nacional de Luta Antimanicomial lembra o fim das internações de pessoas com problemas mentais em hospitais psiquiátricos. “Objetivo sempre é que a pessoa seja acompanhada por um serviço como o nosso e tenha continuidade desse tratamento aqui em liberdade junto à família e ao convívio em sociedade” – lembra Lia Márcia. O CAPS trabalha com o comprometimento da família em relação a medicação e levar o usuário regulamente para atendimento, psicoterapias, consultas de psiquiatria, medicação na hora certa.

Atualmente um usuário teve que ser encaminhado para Hospital Psiquiátrico por sofrer transtorno mental e ainda fazer uso de drogas, o que acabou complicando e diminuindo as chances do CAPS de intervenção. Além desse caso, uma pessoa retornou de internação em Hospital Psiquiátrico a 15 dias e recebe atenção mais especial.

EXPOSIÇÃO DE ARTESANATO

Durante o Dia Nacional de Luta Antimanicomial, trabalhos produzidos pelos usuários nas oficinas que são oferecidas no CAPS foram expostos. São lembranças, enfeites de mesa, materiais de todo tipo de artesanato, produzidos junto aos chamados oficineiros. Os trabalhos foram distribuídos nos corredores da Secretaria de Saúde entre os funcionários durante um desfile dos usuários. Na Praça Cordovil Pinto Coelho, o CAPS AD – Centro de Atenção Psicosocial Alcool e outras Drogas, também como parte das comemorações, promoveu exposição dos trabalhos de artesanato produzidos pelos usuários. Normalmente, segundo Lia Márcia, os artigos produzidos são repassados para uma entidade chamada AFAUSM - Associação de Familiares, Amigos e Usuários da Saúde Mental – que comercializa os produtos e investe o dinheiro na compra de novos materiais para as oficinas.

SEM PRECONCEITO

Para a médica psiquiátrica Aline Luiza Gonçalves, o trabalho desenvolvido pelo CAPS, tanto no apoio psiquiátrico, medicamentoso, psicológico e ainda na ressocialização, é muito bem feito atingindo diversas áreas da vida da pessoa. “Estamos nessa luta antimanicomial porque acreditamos que o melhor tratamento para o doente mental é um tratamento aberto, no CAPS, junto da família, junto da sociedade” – destacou. O encaminhamento para um hospital psiquiátrico só ocorre em último caso, após serem utilizados todos os recursos abertos junto da família e sociedade.

O preconceito da sociedade e até da família em relação ao doente mental é um problema que precisa ser superado. O CAPS trabalha na orientação às pessoas e à família que o usuário bem tratado e tomando as medicações, com apoio psicológico, pode sim ter uma vida normal.  O encaminhamento para um hospital psiquiátrico só ocorre em caso extremo. A regra é o paciente viver na sociedade.

A médica Aline Luiza destacou que é importante a família ser atendida também junto com os usuários para que se conscientizem que devem cuidar do paciente em primeira instância. “Aqui somos um serviço, fecha as portas à noite, no final de semana, então é a família que está com o paciente o tempo todo, então ela tem que responsabilizar pela medicação, trazer o paciente aqui” – afirmou a médica.

A programação da Semana de Luta Antimanicomial prossegue nesta quarta-feira, 20, com sorteio de prêmio seguido de um bailão e apresentação da oficina de violão do CRAS.  Na quinta-feira, 21, novamente sorteios de prêmios pela manhã e à tarde também, novamente seguido de um bailão. A programação termina na sexta-feira, 22, com a realização de um karaokê durante todo o dia. Todas as atividades são voltadas para os usuários e ocorrem no CAPS.

Secretaria de Comunicação Social