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SAAE deixa moradores sem água em Ponte do Silva

27/05/2015 - Atualizado em 27/05/2015 14h29

MANHUAÇU (MG) - Há doze dias, moradores do distrito do Ponte do Silva, em Manhuaçu, vivem uma situação delicada. Mesmo com uma liminar da justiça, o SAAE se recusa ligar a água devido à falta de pagamento. A autarquia cobra dívidas de cinco, dez anos atrás, valores estes que eles não possuem condições de pagar.

Em uma casa simples, o casal Marcilaine Aparecida de Souza e José Luiz Ferreira dos Santos, esperam indignados a volta da água. Para cozinhar, tomar banho e até para beber, eles precisam usar a água emprestada do vizinho, que chega através de uma mangueira, que atravessa a rua até a caixa da família.

Assim como eles, vários moradores do distrito de Ponte do Silva estão vivendo desde que o SAAE desligou, por motivo de falta de pagamento. Porém, diferente dos outros locais, as contas cobradas dessas famílias são de quatro, cinco, dez anos atrás, totalizando valores exorbitantes, quase impagáveis para eles.

Segundo José Luiz, a conta de sua família está em R$ 3.232,66, valor este que não possui. Ele explica que quando compraram a casa, já existia essa dívida. “Antigamente água vinha do poço, depois passou a mandar conta para os moradores. Alguns pagavam, outros não, porque a água não tinha tratamento, continha estanho. Com base nisso, enviaram a cobrança todas juntas para os moradores pagarem”, explica.

A partir dessa cobrança, o morador explica que ocorreu uma reunião, no qual diziam que eles tinham até três meses para entrarem em um acordo com o SAAE, mas que ao chegar lá disseram que o valor de mais de R$ 3 mil teria que ser pago, dinheiro este que a família não possui. “Depois já veio o pedido na água que se não pagássemos iria haver corte de água. Não esperou ninguém entrar em acordo, já vieram e cortaram. Muitos moradores apavoraram e foram lá e negociaram, porque não podem ficar sem água”, relata.

Primeira moradora a procurar um advogado e depois a juntar mais moradores ao processo, Helena Godoi conta que estranhou a cobrança de dívidas tão antigas. “Quando fui saber, tem moradores pagando conta de 10 anos atrás e que eles vêm fazem uma pressão psicológica e as pessoas negociam em não sei quantas mil vezes porque não podem ficar sem água”, explica.

Ela possui uma dívida há quatro anos no SAAE, que totaliza R$ 5 mil. Ela procurou um advogado que orientou com o processo. “O advogado viu que eles não podem cortar a água, pois é um recurso básico”.

Moradores com sede no Ponte do Silva - foto 2Helena conta que na comunidade, eles não estavam acostumados a pagar água, mas que em todos os outros locais onde a autarquia atua, eles fazem um reaviso no segundo mês sem que se pague a conta. “Eu tenho apartamento em Manhuaçu e o inquilino não pagar, eles fazer um reaviso de dois meses. O que dificultou para os moradores aqui é que tinha um processo que corria antes, mas eles nunca enviaram o reaviso, assim como eles não informavam, ninguém pagou e, com isso, a dívida só cresceu. Estamos indignados. Porque demorou cinco anos e juntar esses valores absurdos? Nós precisamos da água”, lamenta.

O advogado das famílias, Dr. Augusto Rocha Barreto Diniz de Abreu, explicou que entrou com o processo contra o SAAE porque eles acumularam essas dívidas e fizeram questão de cobrar de uma única vez. Ele alega que a juíza deferiu parcialmente uma liminar pedindo para religarem a água, baseada em uma jurisprudência do Tribunal de Justiça, que dá direito a corte só sobre contas atuais, não pretéritas. Com isso, ela solicitou aos moradores o pagamento das contas do meses de março e abril, o que foi feito por eles.

“A decisão é do dia 15. Há 12 dias essas pessoas estão sem água e eles não vêm ligá-la. Entendo que isso ocorreu porque ela fixou uma multa para pagarem caso a água não fosse religada, mas não estipulou um valor. Vou recorrer e espero que isso seja revisto o quanto antes”, destacou o advogado.

Segundo os moradores, mesmo com o processo correndo na justiça, o advogado do SAAE esteve na comunidade para tentar renegociar com os moradores novamente, oferecendo para pagarem em 100 pagamentos. “Eles acreditam que esta seja uma estratégia para fazerem um acordo rápido e terminarem com o processo, fazendo-os pagar as contas antigas”.

Com informações do Diário de Manhuaçu

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