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Crise hídrica é grave em Manhuaçu e cidades vizinhas

19/10/2015 - Atualizado em 20/10/2015 08h30

Cachoeira Sette no ano passado

Na semana passada, a Cachoeira Sette

Captação em Espera Feliz: lama

Peixes agonizam em Mutum

No Rio Manhuaçu, peixes também já estão morrendo

Fonte de água potável na MG-108 secou

O rio Manhuaçu, que só recolhe esgoto, agora é mau cheiro e sujeira

Ainda existem destemidos pescadores no rio Manhuaçu

MANHUAÇU (MG) - Alguns bairros de Manhuaçu já vivenciam a rotina de rodízio no abastecimento de água há mais de uma semana. Para suportar a falta d'água, moradores estão economizando e procurando alternativas para o problema. De acordo com o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), responsável pelo abastecimento, ainda não há previsão para melhorias. Em toda a região, o drama da estiagem gera uma série de desafios.

“Manhuaçu não é diferente de outros municípios. Nós estamos atravessando um problema de estiagem prolongada, tem muito tempo que não chove, então praticamente acabou a nossa captação. Nós estamos sem água”, diz o diretor do SAAE no município, José Alves de Aguiar.

O Córrego Manhuaçuzinho, fonte de água do município, está secando. Segundo José Aguiar, o nível da barragem está muito baixo, talvez a maior estiagem da história da região de Manhuaçu.

E, de acordo com o diretor, a situação pode ficar ainda pior.“No momento, a única solução é a chuva. Estamos pedindo realmente que as pessoas economizem água, evitem o desperdício. Estamos num nível que nunca chegamos”.

RIO DE PEDRAS

O cenário de estiagem é histórico em Manhuaçu e toda a região, a exemplo de vários estados da região Sudeste do Brasil.

Imagens de locais com água em abundância, como a região dos córregos Manhuaçuzinho e São Sebastião ou mesmo a antiga Cachoeira Sette dão lugar a cenas de desolação e seca. Onde as águas rolavam em abundância é possível caminhar em meios às pedras sem molhar a ponta dos dedos.

Para se ter a dimensão do problema, basta observar o rio Manhuaçu, no perímetro urbano de Manhuaçu. Ilhas e bancos de areia e vegetação já tomam conta do leito. O mau cheiro é comum para quem passa nas pontes ou mora nas margens do rio. Praticamente só tem esgoto.

REGIÃO

Em toda a região, há relatos de que os rios e córregos estão secando ou já se reduziram a pequenos filetes de água.

Em Carangola, a falta de oxigênio e as altas temperaturas provocaram a mortandade de peixes neste sábado. Cena que também já é observada em Manhuaçu e em Divino.

Na cidade de Caratinga, o rodízio de abastecimento segue uma escala de 12 horas com água e 36 horas sem fornecimento, dividindo a cidade em três partes. Mesmo assim, os moradores reclamam que a água não chega.

Na MG-108, entre Durandé e Lajinha, fontes de água potável, à margem da rodovia estão secas.

Em Alto Caparaó, medidas de contenção do desperdício também foram anunciadas pela Prefeitura Municipal.

Em Mutum, a prefeitura decretou estado de emergência e limitou o uso da água para o consumo da população.

A cidade de Espera Feliz assiste também com preocupação o cenário de estiagem. Na barragem da captação que abastece a cidade praticamente só existe lama.

ECONOMIA

Em bairros de Manhuaçu, por conta de um rompimento na rede na quinta-feira, a população ficou mais prejudicada ainda. Teve casa no Colina que ficou quatro dias sem abastecimento.

A dona de casa Tereza Soares conta que o pouco que chega precisa ser economizado.“As vezes, a água chega em um dia. E aí tem que dar para a semana toda. A gente vai armazenando e, se acabar, acabou”, disse.

Outro morador relata que estão seguindo o programado pelo SAAE. Quando notam que tem água na torneira, tudo o que chega é guardado e reaproveitado da melhor forma possível.

“O pouco que chega a gente pega com um balde, e vai usando para lavar a roupa. Do tanque aproveita para enxaguar a roupa, uso a água da roupa para lavar banheiro, para jogar no vaso, para passar um pano no chão. É assim que a gente está vivendo”, contouRodigo José de Souza.

Infelizmente, se por um lado há pessoas economizando, por outro há cenas que deixam moradores furiosos. Gente que não compreendeu ou finge não entender a dimensão do problema e insiste em lavar calçadas e carros com água potável, usando uma mangueira no maior desperdício. E o pior, se alguém fala ou tira uma foto, ainda é xingado. Para esses, está na hora de adotar medidas mais drásticas, como multas que já são aplicadas em outras cidades mineiras.

Carlos Henrique Cruz - carlos@portalcaparao.com.br - Com Fotos de Heb Heringer - Walter Luiz - Celso David - Gustavo Almeida  - Carlos Henrique Cruz - Internautas - Mutum de Fato Acontece

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