Atendendo a um chamado do Sindicato dos Produtores Rurais de Manhuaçu e região, a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) reuniu-se com produtores e dirigentes dos sindicatos de Manhuaçu, Lajinha e Manhumirim. O tema: possíveis soluções administrativas e legais que os produtores podem tomar quanto ao endividamento rural. Na opinião dos sindicalistas, os bancos estão cobrando dívidas em excesso ou mesmo impagáveis. Um grande encontro foi marcado para o dia 20.
“O endividamento hoje atinge grande parte dos produtores rurais e as dívidas se tornaram tão excessivas que valem mais do que as propriedades rurais, ou seja, são impagáveis”, afirma o advogado da Faemg Breno Andrade. O sindicato e outras classes, inclusive a política, estão negociando soluções para que haja uma condição de pagamento razoável para os produtores. A reunião no dia 20, às 16 horas, no Salão de Eventos do Hotel Itália.
“Reunimos com advogados e estamos trocando idéias e argumentos para que possamos defender os agricultores. Uma pauta de reivindicações foi elaborada para buscar apoio junto a classe política para negociar com o governo federal”, explica o Presidente do Sindicato Rural de Manhuaçu Lino da Costa e Silva.
ASSESSORIA
“Realmente é muito difícil ver os produtores na situação em que se encontram. Os sindicatos de Manhuaçu, Manhumirim e Lajinha estão se mobilizando e buscamos a assessoria jurídica para orientar os produtores. Não queremos brigar com bancos, mas sim uma solução. Na verdade, os produtores vêm arrastando essas dívidas. Elas ficaram impossíveis de serem pagas”, explica o dirigente.
Para Lino da Costa e Silva, é preciso mostrar que o problema não atinge apenas os produtores: “A mola mestre da economia de Manhuaçu está endividada. Manhuaçu é uma cidade de movimento, mas os produtores estão penalizados. Eles estão com dificuldades para se defender e para seguir gerando emprego e renda”.
O agricultor Mauro Heringer também participou da reunião. Ele explica que o produtor colhe o café devendo praticamente o que está colhendo. “Começamos a identificar produtores, pequenos, médios e grandes, que não conseguem pagar CPR e outras linhas de crédito. Agora eles também não conseguem renegociar e não pagam. Os bancos, por sua vez, iniciam os processos jurídicos para receber. Em contrapartida, o produtor fica sem apoio”.
Já aconteceram reuniões em Manhumirim e em Lajinha. Está sendo organizada para o dia 20, uma ampla discussão sobre o que os produtores irão pleitear em conjunto. “Precisamos de um alongamento imediato das dívidas. Precisamos sensibilizar o governo de que a cafeicultura de montanha, a que mais emprega no país, não está tendo renda. Um levantamento provou que o Cerrado, Zona da Mata e Sul de Minas tem quatro a cinco anos que está se acumulando dívidas. O resultado é que os produtores serão obrigados a vender suas propriedades e isso descapitaliza a cafeicultura como um todo”, finalizou.
Jailton Pereira - 19/12/07 - 14:04 - portalcaparao@gmail.com