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Segurança

Audiência pública debate homicídios em Lajinha

06/09/2013

LAJINHA (MG) - O crescimento da violência, especialmente o número de homicídios, motivou a audiência pública da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) realizada nesta quinta-feira (5/9) em Lajinha.

De acordo com o tenente-coronel Wanderson Santiago Barbosa, comandante da Polícia Militar de Manhuaçu, que atende à comarca, desde 2009 foram registrados 30 homicídios e outras 23 tentativas. Somente este ano, foram confirmados seis homicídios, três deles por envolvimento com drogas. Durante a reunião, moradores reclamaram da falta de apuração dos casos.

O aumento dos crimes tem sido registrado a partir de 2011, mas o comandante acredita que há uma tendência de redução, em função do trabalho preventivo que a PM tem realizado na cidade. Dentre as ações, ele destacou as visitas preventivas que os policiais fazem às pessoas envolvidas em conflitos, para evitar o agravamento dos casos. Também citou o programa Guardiões da Defesa Social, um treinamento que está sendo realizado com policiais para acompanharem adolescentes em situação de risco, para evitar que eles entrem na criminalidade.

O delegado de Lajinha, Henrique Mateus Rabello, atentou que os homicídios não são os principais crimes ocorridos na cidade. Segundo ele, a corporação está apurando mais de 900 inquéritos, que envolvem outros casos como estupro, roubo e violência contra a mulher. Dos seis homicídios ocorridos este ano, segundo ele, três já foram solucionados, com a prisão de dois dos autores.

O policial reclamou da falta de estrutura da instituição, o que dificulta o trabalho. Existem apenas três investigadores, um deles deslocado para casos de trânsito e os outros dois responsáveis por todo o trabalho de investigação. Henrique Rabello disse que falta todo tipo de material para o desenvolvimento do trabalho policial em Lajinha.

O vice-prefeito Antônio Sérgio da Silva afirmou que o aumento da criminalidade está ligado ao tráfico de drogas e, também, aos problemas de trânsito, principalmente no trevo que fica na entrada da cidade e que representa grande risco. Nos últimos 60 dias, segundo ele, quatro pessoas morreram no local.

RELATOS

A vereadora  Neura da Silva Pereira (PT), que solicitou a reunião ao presidente da comissão, deputado Durval Ângelo (PT), autor do requerimento, disse que muitos assassinatos ocorrem à luz do dia, aumentando a insegurança da população. Ela também reclamou que muitos casos sequer chegam a ser apurados.
 
Um deles foi reclamado por Gilmar Dias de Freitas, que teve o irmão, José Messias, assassinado com cinco tiros em 29 de junho, no centro da cidade, próximo ao lava-jato e borracharia de sua propriedade. Gilmar disse que a PM sempre dava buscas na casa de José em busca de drogas, mas nunca encontrou. Embora a família tenha um suspeito, o caso continua sem solução. A esposa, Naiala Godinho, que na ocasião estava grávida de seis meses, afirma que ele nunca se envolveu com crime. Ela acabou sofrendo com a morte do marido e teve parto pré-maturo.

O tenente-coronel Santiago respondeu que José Messias foi uma das pessoas procuradas preventivamente para evitar o homicídio. “Infelizmente ele não nos ouviu e veio a óbito”, afirmou, sem dar mais detalhes.

O advogado Célio Silva Camargo denunciou o que considerou truculência de policiais, ao prendê-lo, junto com seu filho e também advogado Sidnei Ubner França Camargo, em 8 de outubro do ano passado, um dia após o resultado das eleições municipais. Ele disse que policiais tentaram prender integrantes de um trio elétrico, usado na festa da vitória do grupo que apoia o prefeito. Ao tentarem defender os clientes, os dois advogados foram presos, levados para o batalhão em Manhuaçu e mantidos durante toda a noite algemados.

Célio denunciou que o filho foi espancado e humilhado por policiais envolvidos na operação. Ele citou o nome de quatro sargentos: Ronan, Moura, Assis e Fonseca. “Nosso maior problema não são os crimes que ocorrem na cidade. A população de Lajinha está temendo é a inércia de muitos policiais que estão aqui”.

SAPOS E JACARÉS

Outros moradores reclamaram da politização de policiais que defendem simpatizantes de uma facção partidária e perseguem os ligados à outra. A cidade é dividida entre os “Sapos”, simpatizantes do PMDB, e “Jacarés”, do PSDB. Foram citadas denúncias de que pequenos proprietários rurais são procurados para apresentarem suas armas e são presos em flagrante ao entregarem-nas de boa fé aos policiais. O deputado Durval Ângelo lembrou de um policial que usou o Facebook para zombar, de maneira desrespeitosa, da prefeitura.

O comandante informou que as apurações sobre o caso do trio elétrico foram concluídas e encaminhadas à Justiça Militar, que tem autonomia para tomar as providências cabíveis. Disse também que o policial que usou a rede social foi transferido da cidade e que as prisões por porte ilegal são corretas. O tenente-coronel sugeriu que os cidadãos procurem o comando regional em casos de desmandos dos policiais.

Durval Ângelo afirmou que já tinha discutido com o comando da PM sobre problemas com policiais da cidade, mas acreditava que já estavam sendo solucionados. Ele lembrou que policiais, civis ou militares, têm direito de participar da vida política e até de serem eleitos, mas precisam seguir as limitações impostas pela Constituição Federal e por leis específicas. “Quando são eleitos, eles precisam se afastar da atividade”, exemplificou.

O deputado se comprometeu a procurar a Ouvidoria e o Comando da PM para apurar as denúncias e pedir as providências. Também afirmou que fará um requerimento para encaminhar as notas taquigráficas da reunião para a corporação.

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