MANHUAÇU (MG) - Manhuaçu terá a primeira roda de conversa sobre a humanização do parto e nascimento no próximo domingo (13), às 9h, no salão paroquial da Matriz de São Lourenço. O encontro é gratuito e aberto à população. As mulheres poderão levar seus filhos.
O grupo MAMA - Maternidade Ativa Manhuaçu - surgiu com a proposta de trazer para Manhuaçu e região a discussão sobre a Humanização do Parto e Nascimento e uma forma diferente de pensar a criação dos filhos, chamada Criação com Apego.
Em abril de 2015, o grupo iniciou as atividades em ambiente virtual e toda semana recebe solicitação de participação de novos membros. Atualmente existem mais de 350 membros.
Os idealizadores desta iniciativa são Mateus e Tassia, que desde que se mudaram de Manhuaçu para Juiz de Fora em 2010, tiveram contato com o tema e assumiram a missão de espalhar a boa nova da humanização para as pessoas.
Mateus explica que a pesquisa “Nascer no Brasil”, da Fundação Fiocruz, demonstrou que 70% das mulheres iniciam a gestação querendo um parto normal, mas somente 10% delas conseguem, porque são induzidas à cesariana desnecessariamente por indicações fictícias como: bebê grande ou pequeno, cordão enrolado no pescoço, mulher nova ou velha demais para parir, mulher com quadril pequeno, etc. “São mentiras sem respaldo científico que, contadas muitas vezes, se tornam verdade no imaginário popular”.
Para Tassia, o país sofre uma epidemia de cesariana. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a taxa recomendada é 15%, mas a média no país é 56% sendo que o setor privado apresenta índices próximos a 90%. Essa epidemia tem gerado graves problemas de saúde pública. Além disso, as mulheres desconhecem seus direitos quando o assunto é parto. Entre esses direitos podemos citar a presença do acompanhante de livre escolha, caminhar durante o trabalho de parto, escolher a posição mais confortável, consumir alimentos leves e até recusar de procedimentos de rotina que são desnecessários e, por vezes, danosos para o sucesso no parto.
Um dos motivos que leva as mulheres temerem o parto normal é a dor. Para Mateus, existe um problema mais amplo que é a chamada violência na assistência obstétrica e neonatal. Procedimentos desnecessários e sem respaldo científico têm sido realizados rotineiramente, o que aumenta muito a sensação de dor. É preciso separar o que realmente é a dor do parto e o que é a dor iatrogênica, ou seja, causada pela má assistência. Recém-nascidos saudáveis ainda têm passado por procedimentos desnecessários de rotina, a começar pela dolorosa separação da mãe ao nascer e o corte do cordão antes de parar de pulsar, sendo que as recomendações de não realizar tais práticas já se tornaram portaria do Ministério da Saúde.
Humanizar o parto e nascimento é prestar uma assistência sob três pilares: respeito ao protagonismo e autonomia da mulher; com visão multiprofissional; e condutas baseadas em evidências científicas. Tassia explica que diversos procedimentos de rotina já deveriam ter sido abolidos da prática obstétrica e outros tantos só deveriam ser realizados quando realmente há indicação clínica, uma vez que o uso de rotina não tem respaldo na literatura científica e já não são realizados em países modelos de assistência como Canada, Reino Unido, Alemanha, entre outros.
Mas para observarmos bons resultados de assistência obstétrica humanizada, não é preciso ir tão longe. Com uma metodologia de assistência que busca respeitar os desejos da mulher, com equipe multiprofissional composta por Enfermeiras Obstetras (que assistem 78% dos partos), Doulas para o suporte físico e emocional que utilizam técnicas não farmacológicas de alívio à dor, médicos obstetras para gestação de alto risco e redução significativa de intervenções desnecessárias (conforme apontam os estudos científicos), o hospital Sofia Feldman, em Belo Horizonte, é 100% SUS e referência nacional na assistência que segue os preceitos da humanização do parto e nascimento.
As manhuaçuenses Idria Carvalho e Keyti Dornelas saíram de Manhuaçu para realizarem o desejo de parir com respeito no Sofia Feldman. Idria teve seu primeiro filho e Keyti teve parto normal após uma cesariana. Para Mateus, uma prática obstétrica obsoleta levaria as duas para a mesa cirúrgica. Uma por ser “velha demais para parir” e a outra porque “uma vez cesárea, sempre cesárea”. São os mitos do sistema!
A experiência delas pode ser vista no perfil pessoal do Facebook
Relato Idria - https://www.facebook.com/idria.carvalho/posts/1050180751708009?pnref=story
Relato Keyti - https://www.facebook.com/keyti.dornelas/media_set?set=a.901522353250688.100001787947899&type=3