SANTOS DUMONT (MG) - O governador Fernando Pimentel presidiu, na Fazenda Cabangu, no município de Santos Dumont, Território Mata, a solenidade de entrega da Medalha Santos Dumont. A comenda é concedida pelo Governo de Minas Gerais e, neste ano, foram agraciadas 111 personalidades e uma entidade. O próprio governador foi orador da cerimônia. O delegado regional de Polícia Civil de Manhuaçu, Dr. Carlos Roberto Souza, foi o único agraciado na região.
Durante a cerimônia, o Governador Fernando Pimentel destacou que o espírito inovador de Santos Dumont deve ser usado como inspiração pelos cidadãos e pelo país para vencer esta “fase difícil na vida brasileira”. “Temos problemas graves na política e na economia, que repercutem diretamente na vida de cada brasileiro e de cada brasileira. E a superação desses problemas requer muito trabalho, empenho e sacrifício. Pois foi com trabalho, com determinação e com muito empenho que Santos Dumont venceu o desafio, aparentemente intransponível, de colocar em voo a primeira aeronave mais pesada que o ar. Ele não se deixou abater pelas críticas, pelos insucessos temporários, nem pelas pedras no caminho. Este é o exemplo que temos de seguir”, apontou.
O governador também ressaltou ser “preciso reatar laços básicos da convivência democrática” e que uma nação só se faz forte e coesa se houver “respeito às regras constitucionais”.
“Ninguém tem o monopólio da verdade nem uma procuração para decidir sozinho o que é melhor para o povo. No estado democrático de direito, ninguém pode estar acima da lei. Não estão acima dela os políticos, nem os militares, mas tampouco estão os juízes e os promotores. Todos, sem exceção, à lei devem se submeter e respeitar antes de tudo o direito do outro, o direito do diferente, do oposto. Esse respeito sagrado é o que caracteriza os estados democráticos, e os diferencia dos regimes de exceção”, comentou.
Segundo Pimentel, a crise que afeta União, estados e municípios só será superada com humildade e generosidade por parte dos governos e das oposições. “A crise não será superada fomentando o ódio e a intolerância na política e na vida pública. Não será superada com pretensas soluções econômicas, que propõem um falso equilíbrio fiscal à custa do aumento da desigualdade e do desemprego. Não será superada com a produção da desesperança e do desalento na vida da nossa gente. Ao contrário. Superá-la exige, acima de tudo, humildade e generosidade de um lado - o dos governos - para governar para todos, sem revanchismos nem perseguições, e de outro lado - o das oposições - para não apostar no quanto pior melhor”, afirmou.
Entre os homenageados neste ano, o Delegado Regional de Polícia Civil de Manhuaçu, Dr. Carlos Roberto Souza, foi um dos destacados com o reconhecimento da Medalha Santos Dumont.
Homenagem
A medalha foi criada em 1956 para comemorar os 50 anos do primeiro voo do brasileiro Alberto Santos Dumont em uma aeronave mais pesada que o ar, o 14-Bis, em outubro de 1906, em Paris (França). É concedida em quatro graus: Grande Colar, Ouro, Prata e Bronze. A Fazenda Cabangu, local da cerimônia, é o lugar onde nasceu o inventor do avião e guarda um preciso acervo de Santos Dumont, entre réplicas de aviões e objetos do inventor.
O prefeito de Santos Dumont, Carlos Alberto Ramos de Faria, ressaltou a importância de reverenciar a memória do inventor. "Em tempos em que nossos valores de nação e de orgulho à pátria andam carecidos de brio e expressividade contemporânea, renomear Alberto Santos Dumont, sem dúvida, é inspirador. Foi nesta fazenda - e hoje museu - Cabangu, o local onde há 143 anos nasceu o brasileiro cuja fantástica capacidade criativa mudou a forma de locomoção em grandes distâncias com sua genialidade e criatividade".
Santos Dumont
Nascido em 20 de julho de 1873, Alberto Santos Dumont era o sexto filho de Francisca Santos e do engenheiro Henrique Dumont. Em 1892, foi estudar na França. Em 1906, realizou o voo do 14-Bis, um pequeno avião de alumínio, bambu e seda japonesa. O voo, considerado o primeiro feito com um aparelho mais pesado que o ar, foi registrado pela Federação Aeronáutica Internacional. Recebeu vários prêmios, inclusive do Aeroclube da França.
Em 1932, com a saúde debilitada, Santos Dumont foi levado pela família para uma estação de repouso no Guarujá, no litoral de São Paulo, aos 59 anos.
Fazenda Cabangu
A família do inventor chegou àquela região da Serra da Mantiqueira em 1872, quando o engenheiro Henrique Dumont foi comandar as obras de construção da estrada de ferro que cortava os vilarejos de João Gomes (atual Santos Dumont) e João Aires. Um ano depois, nasceu Alberto. Os Dumont só ficaram ali até 1875. A casa de Cabangu acabou se tornando apenas um ponto de apoio para os trabalhadores da ferrovia.
Em 1919, Alberto Santos Dumont decidiu retornar à casa natal. Ganhou o imóvel de presente do governo e se tornou um criador de gado. Em meados da década de 1920, teve que deixar Cabangu para tratar da saúde na Europa. Mesmo distante, não escondia o desejo de que o local fosse preservado e doado à nação. Depois de sua morte, em 1932, uma comissão liderada pelo jornalista Oswaldo Castelo Branco se empenhou na transformação da velha residência em museu. Criado pelo Governo de Minas em 1956, o parque histórico só foi oficialmente inaugurado em 1973.
Carlos Henrique Cruz - com informações da Agência Minas - Fotos: Manoel Marques/Imprensa MG e Carlos Alberto/Imprensa MG