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Economia

Globo Rural mostra os cafés especiais das Fazendas Dutra

13/07/2008 - Atualizado em 16/07/2008 10h33
A reportagem apresenta a experiência da família Schmölz de Mattos, em Araponga, na região de Viçosa. Com o foco nos cafés especiais, a revista Globo Rural mostra ainda a iniciativa bem sucedida na região de Manhuaçu. Jóias da Mata mostra como produtores das Matas de Minas aprimoram a qualidade dos grãos e se destacam na produção de cafés especiais. O texto é de Luciana Franco com fotos Ernesto de Souza.

A exemplo da família Schmölz, os cafés de qualidade especial são resultado de cuidados adotados nas fazendas Dutra, de propriedade dos irmãos Ednilson Alves Dutra e Valter César Dutra, situadas em Manhuaçu. Ednilson ficou em segundo lugar no concurso de café especial da Illy e Valter alcançou a quinta colocação. Certificadas também pela BSCA e pela Utz Capeh, as fazendas Dutra mantêm cortinas de mata em tomo dos cafezais. "Com isso, as nascentes são preservadas e o uso de agrotóxico caiu bastante pelo fato de o sistema ser bastante equilibrado", diz Ednilson. Os irmãos nasceram na roça numa época em que o pai trabalhava como apanhador de café na região. Nas horas vagas, ele cultivava a própria lavoura. Inspirados pela determinação e coragem que vinham de dentro de casa, eles assumiram os negócios após a morte do patriarca. Durante uma visita ao Banco do Brasil, em 1999, tomaram conhecimento da Illycaffè, através de um cartaz de divulgação do concurso. Ao enviarem a primeira amostra, não foram premiados. "No entanto, eles se interessaram em comprar nosso café. Fizemos a primeira venda no mesmo ano: um volume de mais de 200 sacas. Nessa época, participamos de alguns cursos na Illy. E em 2000, nosso café ficou em quarto lugar ", lembra Valter, que junto com o irmão quadriplicou a lavoura herdada pelo pai, para os atuais 2 milhões de pés.

Com foco na produção para a Illy, os cafeicultores acabaram elevando a qualidade de toda a safra, atualmente estimada em 17 mil toneladas. A colheita é extremamente importante, pois o manuseio do grão vai influenciar a qualidade do produto final. As lavouras estão sempre limpas, e os cursos que os jovens cafeicultores fazem na empresa ajudam a manter o padrão de qualidade da lavoura. "Eles nos ensinam a produzir o café, construir tulhas e terreiros, entre outras coisas. Ser fornecedor da Illy mudou a nossa vida e também a vida do nosso funcionário. Hoje, os empregados se orgulham de produzir um café de qualidade", conta Ednilson.

Outra grande vantagem da parceria com a Illy é que a empresa compra o café ainda na colheita. "Na hora em que você mais precisa de dinheiro, ela entra comprando. Isso ajuda a custear a colheita, que responde por até 70% do custo de produção do café", diz Valter.

Os jovens, hoje grandes cafeicultores, nem parecem os meninos que andavam oito quilômetros a pé para chegar à escola. "Mudamos de vida depois que começamos a vender para a Illy. Começamos a viajar para São Paulo, fizemos cursos, conhecemos outros produtores, novas tecnologias. Fomos também conhecer a fábrica de Trieste e fomos à Nova York contar nossa história num seminário. Nossa vida cultural melhorou muito. Nos consideramos parte da família Illy", revela Valter com certo orgulho. Apesar disso, eles não esquecem sua origem. A casa pobre onde o pai nasceu foi restaurada e a moradia da família, depois que os pais casaram, foi transformada em escritório. “Nascemos em casa, com parteira, e temos orgulho de tudo que nosso pai nos ensinou", diz Valter. Atualmente, a venda para a torrefadora italiana soma 7 mil sacas. O custo de produção está estimado em 230 reais por saca para a safra 2008/2009. O preço do café despolpado bom se situa, em média, em 260 reais por saca. "A lliy paga 350 reais. Já os selos acrescentam uma pequena diferença de 10 reais. Mas o lado bom é a motivação dos funcionários e o melhor controle da fazenda", diz Ednilson.

O que não vai para a Illy, os cafeicultores enviam para outros mercados. De acordo com eles, há clientes para todo tipo de produto. "As vendas de café cresceram muito nos últimos anos e hoje o consumidor jovem ajuda a elevar o consumo. Isso nos dá mais coragem para continuar investindo", diz Ednilson. De fato, os irmãos acabam de comprar uma área de 25 hectares, que se somará aos 507 hectares da família, hoje distribuídos em cinco propriedades. Nas fazendas Dutra, o café especial é secado em terreiros e eles não costumam tirar a mucilagem (mel) do grão. Quando não há sol, o produto passa por um secador antes de descansar por 30 dias em tulhas. A receita parece simples. Mas é à custa de muita dedicação que os produtores de cafés especiais conseguem destacar seu produto entre as 45,5 milhões de sacas que o Brasil vai colher este ano, segundo dados da Conab - Companhia Nacional de Abastecimento.

Do volume estimado pela Conab, o café arábica participa com 76,1%, ou 34,7 milhões de sacas. Minas Gerais mantém a tradição de maior produtor do Brasil. As outras 10,8 milhões de sacas são de robusta, produzido especialmente no estado do Espírito Santo. Mais rústico, o conilon - como também é chamado - é bastante usado pela indústria brasileira para garantir a cor escura do produto final. Este ano os preços do produto seguem em altos patamares, uma vez que a safra mundial está em queda.

Reportagem Completa na edição impressa da Revista Globo Rural - Julho/2008 

19:15 - 13/07/08 

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