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Inspiração e força jovem para o café especial em Manhuaçu

25/04/2022 - Atualizado em 25/04/2022 12h37

MANHUAÇU (MG) - A cafeicultura faz parte da vida da família Diniz há quatro gerações, mas só nos últimos anos a produção de cafés especiais tem ganhado espaço entre eles. A proposta de investir em qualidade chegou pelos mais jovens. A primeira a se interessar pelo novo processo foi Josiane Diniz, de 21 anos, pouco tempo depois o irmão mais velho, Fabiano Diniz, de 26 anos, trocou o emprego de caminhoneiro pelo sonho do café especial.

A comercialização dos grãos de qualidade superior do café Alto da Serra só começou em 2019, mas desde 2016 os irmãos estão focados nessa missão, com o incentivo e o apoio dos pais Josias e Claudineia Diniz e do avô Adão Diniz que aos 84 anos segue firme no trabalho campo.

‘Nasci no meio do café. Meu pai era comprador, há época. Eu saí porque a atividade não me interessava muito. Trabalhei no caminhão por três anos carregando insumos para café e café. Um dia pensei: ‘se for para trabalhar com café que seja com o meu’. E voltei para casa com a intenção de fazer algo diferente, que foram os cafés especiais”, relatou Fabiano.

O entusiasmo do irmão contagiou a irmã que já estava desanimada e tendendo a seguir os passos da família apenas com o café tradicional. Mas além do trabalho diferenciado no processo de colheita e pós-colheita, os irmãos também precisavam descobrir o mercado para os cafés especiais, e Fabiano também passou a focar na comercialização.

“Na primeira safra não vendi nada. Na segunda, em 2019, consegui vender uma saca e meia por um preço três vezes acima do tradicional. Em 2020 foram 30 sacas e para mim foi uma vitória. Em 2021 consegui me destacar em concursos e abrir mais mercado”, contou o jovem. 

O café Alto da Serra foi o segundo colocado no Torneio Melhor Café Fairtrade do Brasil – Golden Cup, com nota 86,95, e o quatro melhor café do estado da região das Matas de Minas no concurso de qualidade realizado pela Emater, com 89, 79 de pontuação.  “Fiquei bem colocado e este ano quero ser o campeão”, afirmou Fabiano que após as vitórias, viu seu café ganhar o mundo comercializando para o Japão, Dinamarca e Alemanha. 

Grande parte dessas vendas foi feita pelas redes sociais. Fabiano usa as plataformas para divulgar o produto e os bastidores da agricultura familiar, referência da região das Matas de Minas. Assim, o jovem consegue alcançar potenciais compradores, aproximá-los da família Diniz e fazer bons negócios.

Capacitação

Fabiano é estudante de Cafeicultura no IF Sudeste e não perde a oportunidade de fazer os treinamentos do Sistema FAEMG oferecidos em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais de Manhuaçu. Já participou de cursos de Classificação e Degustação de café, Torra, e Barista Ele destacou que os cursos o ajudam em todas as etapas. Desde o manejo na lavoura até o café estar na xícara.

“Se eu não soubesse classificar eu não saberia qual café é o melhor, se eu não soubesse torrar estragaria um bom café nesse processo e se eu não soubesse preparar, com os ensinamentos de barista, estragaria tudo na hora de servir a bebida. Por isso aproveito todo o conhecimento que o SENAR nos traz”.

Sobre o curso superior que frequenta, o jovem destacou que também coloca tudo em prática. Direto da sala de aula, para a lavoura. “Muitos estudam para sair da roça. Eu estudo para ficar e conseguir ser cada vez melhor na atividade. Quanto mais conhecimento eu tiver que possa ser encaixado à minha realidade, eu quero absorver”.

ATeG

Desde o final de 2021, a família faz parte do Programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) Café+Forte. Quem os acompanha é a técnica de campo Jéssica do Carmo. Para ela, o programa vai fortalecer o viés empresarial de Fabiano ao ajudá-lo a conhecer seus custos, e alavancar a qualidade dos cafés que eles já produzem.

“O Fabiano tem um grande potencial porque trabalha tanto nos tratos culturais quanto na comercialização. Essa característica tem feito a diferença pare ele. Já estabelecemos algumas metas que são: aprimorar o sensorial, para melhorar as notas do café, trabalhar a nutrição e o controle de doenças, comuns na área devido à altitude”, pontuou Jéssica. 

O jovem cafeicultor já está vendo as mudanças positivas que o programa proporciona. Segundo ele, o ATeG o auxilia a conhecer os custos de produção e administrar o negócio. “Organização que é algo que, infelizmente, eu não tinha. Gerenciar melhor a fazenda, me ajuda a saber realmente quanto eu estou ganhando e quanto eu posso investir. Fizemos, com a técnica de campo, o resgate do custo de produção da última safra, e descobri que tive lotes de R$406 reais de custo que eu consegui vender por R$5 mil. Essa informação me animou a investir mais”.

Investimentos 

Atualmente a família Diniz está investindo no plantio de variedades exóticas. Na lavoura, o foco é fazer com que 100% da produção da fazenda, cerca de 500 sacas, seja de cafés especiais. E em toda a estrutura da propriedade, a ideia é ser cada vez mais sustentável investindo em equipamentos que economizem água, e adotando o uso de sistema de energia solar. “Queremos gastar o mínimo para produzir o máximo em qualidade e quantidade”, concluiu Fabiano. 

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