MANHUAÇU (MG) - Uma nova comitiva internacional de potenciais compradores de café pelo sistema fair trade visitou a Cooperativa COORPOL, em Manhuaçu. Desta vez, a acolhida foi à uma equipe de canadenses, que saboreou o delicioso e premiado café cultivado na região.
A comitiva, composta por Aneta Rybak, da rede de supermercados canadense Loblaws; Bastien Ouellet, da Café William (empresa canadense), GarinÄ“ Aintablian (Fair trade no Canadá) e Paulo Ferreira, rep. da CLAC (Coordenadora Latino-americana e do Caribe de Pequenos (as) Produtores (as) e Trabalhadores (as) de Comércio Justo), também visitou as propriedades de Ercilei de Oliveira e de Fabiano Diniz, campeões do Concurso Golden Cup, da fair trade.
Além de lavouras e propriedades de cafeicultores cooperados, premiados em diversos concursos nacionais e internacionais, os canadenses visitaram as sedes da COORPOL Café, no Distrito de São Sebastião do Sacramento, e da COORPOL ACEAS, na Comunidade dos Diniz, no Distrito de Dom Corrêa.
O fair trade é um sistema e um movimento social e econômico que visa oferecer melhores condições de comercialização e desenvolvimento sustentável para produtores e trabalhadores. Além disso, incentiva uma cultura de consumo que entenda o ato como forma de apoio ao desenvolvimento das organizações de pequenos produtores e trabalhadores.
O Presidente da COORPOL Café, Flânio Alves da Silva, mencionou que ‘recebemos com alegria o povo do Fair trade do Canadá e o Paulo, da CLAC. Eles vieram conhecer mais um pouco da cooperativa, essa estrutura de exportação que temos. Então, estamos ampliando os laços de comercialização’.
Flânio pontuou que as duas estruturas visitadas, a COORPOL Café e a COORPOL ACEAS realizam uma ação conjunta. ‘Temos um trabalho social, com o grupo de mulheres, a juventude envolvida e os produtores que atuam com a diversificação da agricultura. Tudo isso acaba se tornado uma riqueza forte aqui em Manhuaçu, que é vista dentro do município e que atrai as pessoas que estão de fora. Eles vêem isso com muito bons olhos, porque é uma estrutura que diversifica o trabalho e a renda. Tem o trabalho das mulheres, que traz a cidadania, e uma grande alegria de desempenhar as ações em conjunto na comunidade. Isso tudo faz parte de uma estrutura chamada cooperativismo’, destacou.
Integrante da comitiva, a canadense Aneta Rybak, representante da rede de supermercados Loblaws, relatou sua satisfação, dizendo das excelentes impressões obtidas nesta primeira visita ao Brasil. ‘É lindo o lugar e todo o trabalho que a cooperativa está fazendo é incrível. Os agricultores alimentam as cidades, alimentam as pessoas. Eles são a razão pela qual nós temos café delicioso para beber. Então, se nós os apoiamos, os incentivando, para que eles possam apoiar suas famílias e crescer, então nós continuaremos a ter café por gerações. Eu acho isso imprescindível’ comentou.
Bastien Ouellet é outro integrante da comitiva que elogiou as ações da COORPOL, durante a visita. Ele representa a empresa canadense Café William. ‘Foi realmente interessante ver a cooperativa esta manhã, a produção na montanha, o café que está crescendo e o habitual foco na qualidade. O foco de qualidade foi realmente impressionante, e foi realmente legal ver isso’, pontuou.
Sobre a forma de consumir o café, Bastien relatou o diferente costume no Canadá. ‘No decorrer do dia, as pessoas no Canadá preferem beber um copo grande de café (de uma vez), porém menos vezes durante o dia, enquanto que, no Brasil, são consumidas pequenas doses, várias vezes ao dia’, comparou.
GarinÄ“ Aintablian, uma das representantes do fair trade no Canadá, comentou sobre a visita às lavouras de café robusta, no Espírito Santo, e de Arábica, em Minas. ‘Ambos são muito bons. Tomamos Robustas muito boas. Isso nos surpreendeu em quão boas eram. Mas, é claro, não podemos comparar com a Arábica que tomamos hoje. No Canadá, os canadenses tomam mais a Arábica. A Robusta não é tão comum. Mas, nos últimos anos, o que estamos vendo são algumas misturas do Arábica com um pouco de café Robusta. A fair trade é muito correlata com o café orgânico e a espécie Arábica também, e, um dos meus objetivos na visita ao Brasil, nessa viagem, é, ao retornar, comunicar aos nossos parceiros comerciais sobre as diferentes cafés que podem encontrar no Brasil, incluindo Robusta, Robusta convencional e orgânica, mas também Fairtrade convencional e orgânica’, explicou.
Tradutor da comitiva, Paulo Ferreira, é representante da CLAC, que faz esse intermédio nessa negociação de fair trade. ‘O Canadá é um dos principais mercados de café Fairtrade do mundo. Sempre buscamos desenvolver um relacionamento com esses mercados-chave, justamente para mostrar o impacto que o fair trade traz para os produtores. Estes visitantes, que em sua maioria estão no país pela primeira vez, estão observando o impacto que o fair trade e as cooperativas como a COORPOL trazem para a região. É muito importante transmitir tudo isso para o mercado, nesse caso específico para o mercado canadense, que valoriza um produto sustentável, os cafés fair trade, os cafés orgânicos e a qualidade. Dentro do programa da Golden Cup, que é o concurso de cafés fair trade que a CLAC realiza junto com a BR, aqui no Brasil, conseguimos trazê-lo justamente para provar os cafés na etapa final, que será nesta sexta-feira, em Nova Resende, no Sul de Minas’, anunciou.
Gilmar Alves da Silva, Vice-presidente da COORPOL ACEAS, mencionou que ‘O pessoal veio do Canadá porque está interessado nos cafés especiais, os cafés que a COORPOL produz, o café fair trade. Mas o pessoal ficou interessado também em conhecer a nossa comunidade, que é o grupo da padaria e dos produtores, nesse aspecto social do trabalho realizado. Quando explicamos como funciona o trabalho, a distribuição de tarefas dentro da cooperativa e com os produtores, eles acharam muito interessante e nos perguntaram se passamos essa experiência para outras comunidades’, comentou.
Thomaz Júnior - Cidades do Café

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