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Segurança

Inteligência e integração: as novas armas das polícias em Manhuaçu

24/02/2007 - Atualizado em 03/03/2007 10h33

 

Planejamento e ações integradas ajudarão a reduzir os índices de criminalidade em Manhuaçu, segundo os comandos das Polícias Civil e Militar. Na semana passada, o Comandante Regional da Polícia Militar – Coronel Gilberto Cabral – e sua equipe apresentaram na sede do 11º Batalhão de Polícia Militar a proposta de ações preventivas e operacionais integradas. O programa, que será intensificado a partir de março, vai abranger sociedade civil, entidades, Ministério Público e Judiciário.

A metodologia proposta para a unidade de Manhuaçu buscou, na experiência de outras cidades mineiras e nos resultados de outras polícias, um modelo para ser adotado na área da 12ª Região da Polícia Militar, que envolve batalhões em Ipatinga, Manhuaçu, João Monlevade e Itabira. Os dados estatísticos sobre o cometimento de crimes serão a base para o planejamento e as ações.

O grande destaque, contudo, é a proposta de integração. Pelo novo plano, a idéia é consolidar o trabalho conjunto das Polícias Militar e Civil de Manhuaçu, mas avançar mais ao envolver a Justiça e os promotores.

O comandante do 11º Batalhão da PM, Tenente-coronel Geraldo Henrique ressalta a sintonia entre as duas polícias e o Ministério Público para os bons resultados. “As operações conjuntas são a parte mais visível, mas há troca de informações e atuações em casos específicos. O que queremos é integrar todo o trabalho desde o levantamento, o planejamento e a execução das ações”, diz o comandante.

O delegado regional, Dr. Lourival Silva Pereira, que participou da reunião com parte de sua equipe de delegados e agentes, cita, além do trabalho conjunto com a PM, a análise das estatísticas. “Os números são avaliados toda semana e ao final do mês há uma reunião com os delegados de todas as delegacias. Já atuamos em conjunto em várias questões, mas a integração maior, inclusive de dados e informações, só tende a melhorar esses resultados”, explica.

O mapeamento dos tipos de crimes em cada região e seus horários serve para direcionar o policiamento. “O objetivo é antecipar-se à criminalidade”, afirma Lourival.

A partir de março, serão realizadas reuniões mensais entre as duas polícias, adianta o comandante. “Isso irá melhorar a dinâmica e objetividade da Polícia”, observa o Tenente-coronel Geraldo Henrique, ao citar a metodologia implantada no programa de prevenção.

Ao mesmo tempo em que reconhece a parceria com o Delegado Lourival Silva Pereira, os promotores e juizes da comarca, o comandante do batalhão explica que outro grande parceiro da empreitada é a população.

“As denúncias anônimas pelo Disque-denúncia da própria PM ou mesmo da Polícia Civil; as informações repassadas por moradores; o Comsep e outras entidades já participam dessa mobilização. O que queremos é unir as forças”, ressaltou o comandante.

METAS

O grande mote do projeto é a metodologia que será adotada. Ao invés de atuar em casos isolados e sem muito planejamento, a proposta é buscar levantar os problemas e os focos de concentração. Com esses dados, serão traçadas estratégias, objetivos e metas a serem alcançadas.

Em Manhuaçu, em 2006, os dados mostram uma grande incidência de furtos a residência. A análise mostrou que a maior parte acontece durante a semana (normalmente na terça e na quarta-feira) e não nos finais de semana. Quanto ao horário, já se identificou que preferência dos ladrões é a parte da tarde e início de noite, enquanto a maior parte imagina que ocorrem durante a madrugada. Os bairros de concentração desse tipo de delito são o Centro e o Santa Luzia.

Com esses resultados, as estratégias, por exemplo, seriam ligadas ao que a polícia identificou: intensificar as visitas de orientação; sugerir medidas de auto-proteção; divulgar e orientar através da mídia; agir com o apoio do Judiciário e do Ministério Público para retirar o meio da sociedade aqueles que sempre figuram em ocorrências; e reunir com proprietários de Topa-Tudo (lojas de móveis usados) para que identifiquem a origem dos objetos que compram. Essas ações já permitirão a redução dos crimes.

Segundo o comandante, a receptação é que alimenta todo o processo. “Recentemente tivemos a prisão de um receptador de celulares roubados e, desde então, tivemos uma redução nesse tipo de crimes. São situações muito ligadas”, admitiu.

Com o aumento da produtividade, a expectativa é de que a participação da sociedade também se amplie. O sentimento de segurança contribui para que as pessoas se envolvam mais com as ações policiais.

O comandante avalia que a queda nos índices de criminalidade estará intimamente ligada aos sistemas de busca de qualidade da polícia, a integração com a comunidade e autoridades e o serviço de inteligência. A polícia, argumenta, funcionaria de maneira similar a uma empresa, organizando-se melhor e buscando atingir metas. “A partir dessa mudança, ficará mais fácil para a polícia estar no lugar onde realmente ela precisa e combatendo o que gera o problema”, diz Geraldo Henrique.

A interação entre as polícias Civil e Militar é um processo que se consolida gradativamente em várias regiões do estado. “Não há competição. Extraímos o melhor da investigação e do patrulhamento ostensivo”, afirma o Coronel Gilberto Cabral.

Carlos Henrique Cruz - 24/02/07 - 09:50 Todos os direitos reservados ao Portal Caparaó e sites parceiros. 

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