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Segurança

Acidente em Realeza: Rodovias estão liberadas

26/02/2011 - Atualizado em 26/02/2011 09h51
Carreta saiu raspando a proteção que divide as duas rodovias
Descontrolada desceu pelo barranco, atingiu uma árvore e começou a pegar fogo
A carreta ficou presa entre as duas pistas
Pouco depois do acidente os dois tanques estavam no canteiro que divide as duas rodovias
Mais tarde, a árvore quebrou e a carreta tombou com as rodas para cima
Bitrem tinha saído da Bahia e ia para São Paulo
Motorista alegou que pneu estourou, mas não há sinais desse tipo de problema
Xileno vazou pela válvula do segundo tanque
Carreta bitrem ficou tombada na BR-262
Liberação parcial da pista só foi possível depois que o Corpo de Bombeiros iniciou uma "cortina" de água isolando o local
Policiais militares ajudaram a controlar as enormes filas nos quatro sentidos das duas rodovias
Polícia Rodoviária Federal, Bombeiros, Polícia Militar e Defesa Civil atuaram em conjunto

Uma carreta bitrem carregada com xileno – um solvente inflamável – provocou o maior caos dos últimos anos nas rodovias federais que cortam a região. Ela tombou no início da noite desta sexta-feira (25), na BR-116, desceu pelo canteiro e foi parar na pista da BR-262, em Realeza, distrito de Manhuaçu. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, às 23:25 de sábado, a BR-116 foi liberada totalmente. A liberação da BR-262 se deu à meia-noite de sábado, 30 horas depois do acidente.

De acordo com o Corpo de Bombeiros ninguém ficou ferido no acidente. “Houve um princípio de incêndio que foi controlado. O motorista perdeu o controle vindo de Caratinga para Realeza, caiu numa canaleta e bateu na proteção que divide as duas pistas. Ele percorreu vários metros até sair da pista de cima, atravessar o canteiro e parar na BR-262”, conta o Tenente Adilson Nunes, Comandante do Pelotão do Corpo de Bombeiros de Manhuaçu.

Segundo o registro policial, o motorista alega que um dos pneus da carreta estourou e perdeu o controle. Numa análise inicial, não há indícios de que tenha ocorrido esse tipo de problema.

O motorista foi socorrido da carreta com ferimentos leves. O cavalo-mecânico ficou parado com as rodas para o alto e começou a pegar fogo. Já os dois tanques ficaram tombados lateralmente e o vazamento ocorria na válvula do segundo estágio do bitrem.

PREJUÍZOS

Tenente Adilson Nunes explica que houve vários complicadores no cenário do acidente. “Foi um dos mais complicados que atendemos aqui em Manhuaçu até hoje”. Além de ter fechado duas rodovias e a contaminação do manancial, o acidente ocorreu a menos de dez metros de um posto de combustíveis.

Os prejuízos foram enormes. O comércio num raio de quinhentos metros do acidente foi fechado. Com as rodovias fechadas, motoristas foram obrigados a interromper a viagem. Os postos de combustíveis viraram grandes paradas, ao mesmo tempo em que linhas de ônibus com vários passageiros, inclusive crianças, lotaram as paradas existentes em Realeza. “Motoristas ficaram impacientes e muitos tentaram estradas alternativas. O problema é que não havia muitas opções, especialmente para carretas e ônibus. Controlamos tudo com o apoio da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil”, explicou o agente da Polícia Rodoviária Federal Fernando.

Em Realeza, os preços de lanches, bebidas e refeições chegaram a ser aumentados em alguns estabelecimentos. Houve comerciantes aproveitando a onda de restrições.

DEMORA

Segundo a polícia, o congestionamento ao longo de ambas rodovias somou aproximadamente 30 quilômetros no dois sentidos. De acordo com o comandante do 11º BPM (Manhuaçu), tenente-coronel Luiz Carlos Rhodes, o produto caiu na pista e foi conduzido pelas canaletas até um bueiro, entrou num córrego canalizado que o levou até o rio Manhuaçu. Segundo o comandante, somente 16 horas depois do acidentes a empresa Travel - que é proprietária da carga que seguia de Camaçari, na Bahia, para São Paulo – encaminhou equipes para garantir a segurança e transbordo da carga.

“O líquido desceu pelo duto e é muito volátil. Há formação de gases nessa tubulação e riscos não só para o meio ambiente como também de explosão no local. Infelizmente, a maior parte da demora foi causada pela falta de empenho da empresa proprietária”, ressaltou.

A Polícia Militar mobilizou um efetivo de 150 soldados para ajudar a controlar o trânsito e eventuais problemas com motoristas.

LIBERAÇÃO PARCIAL

A liberação da BR-116 ocorreu parcialmente às 13 horas de sábado com apenas uma das pistas. À noite, foi preciso fechar novamente e às 23:25 de sábado, 26, foi totalmente liberada. O trabalho só foi possível depois que técnicos da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam) chegaram ao local e auxiliaram na barreira de isolamento da carga. O Corpo de Bombeiros fez uma cortina de água para evitar que os gases do xileno se deslocassem para a pista. O objetivo era evitar uma explosão.

Já a BR-262 permaneceu interditada durante 30 horas. A rodovia foi liberada somente à meia-noite de sábado para domingo. Foi preciso retirar todo o xileno dos dois tanques e, em seguida, fazer a neutralização para poder retirar o bitrem.

TRANSTORNOS

Os transtornos causados pelo acidente foram enormes e repercutiram em várias regiões. Em Manhuaçu e cidades vizinhas, todas a empresas de transporte coletivo suspenderam os itinerários. Quem precisava viajar para fazer provas em outras cidades ou mesmo ir a casa de parentes teve muitas dificuldades. As alternativas incluem estradas de terra. Com as chuvas dos últimos dois dias e o fluxo pesado, elas ficaram intransitáveis rapidamente.

O abastecimento de Manhuaçu foi comprometido. O SAAE precisou suspender a captação e reduziu a capacidade de atendimento. “Tivemos desde pessoas em ambulâncias até o caso de um noivo que ia para o casamento em Irupi (ES). Todos queriam passar e tiveram que mudar seus planos”, conta o Capitão Adenilson, responsável pela 72ª Companhia de Polícia Militar.

Carlos Henrique Cruz / Jailton Pereira / Eduardo Satil - portalcaparao@gmail.com

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