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Política

Em 2007, Alencar demonstrou carinho por Manhuaçu

30/03/2011 - Atualizado em 30/03/2011 16h03
José Alencar nasceu em Muriaé e mudou-se para Caratinga aos 16 anos

O ex-vice-presidente da República José Alencar morreu nesta terça-feira, 29, depois de uma luta de mais de 10 anos contra um câncer de intestino. A persistência de Alencar resume bem sua biografia: nascido pobre, começou a trabalhar aos sete anos, saiu de casa aos 15 e chegou à vice-presidência do Brasil dono de um império no ramo têxtil. Nascido na região, ele participou da inauguração do aeroporto em 2007 e da implantação do SESI/Cat Nagib Mansur em 1995.

Alencar nasceu José Alencar Gomes da Silva no dia 17 de outubro de 1931 em um povoado próximo de Muriaé. Décimo primeiro filho de Antônio Gomes da Silva e Dolores Peres Gomes da Silva, ele foi o mais bem sucedido dos 14 irmãos.

Começou a trabalhar cedo: aos 7 anos foi vendedor em uma loja do pai. Ele deu mostras de sua independência já aos 15 anos, quando decidiu deixar a família para trabalhar como balconista em uma loja de tecidos. Segundo o próprio Alencar, o dinheiro que ele ganhava era insuficiente até para alugar um quarto.

Dois anos depois, ele se muda para Caratinga para trabalha como vendedor.

INDEPENDÊNCIA

O início de sua independência financeira também chegou cedo: aos 18 anos. Foi quando seu irmão mais velho, Geraldo Gomes da Silva, lhe emprestou uma quantia para que ele abrisse sua própria loja, fincada na avenida Olegário Maciel, 520, no Barro Branco, em Caratinga. "A Queimadeira" foi o nome que Alencar a batizou no dia 31 de março de 1950.

Vice-presidente de Lula, ele visitou a região em 2007 na inauguração do aeroporto de Santo Amaro

O comércio vendida um pouco de tudo: tecidos, guarda-chuvas, sapatos e chapéus. Para garantir competitividade à loja, ele comia marmita e passava as noites na própria loja. O sacrifício durou até 1953, quando ele vendeu o estabelecimento.

O segundo negócio de Alencar foi em um ramo desconhecido: venda de cereais por atacado. Ao final de 1959, ele uniu suas habilidades de vendedor e atacadista para começar a trabalhar no que melhor soube fazer: fabricar e vender tecidos.

Com a morte do irmão Geraldo naquele ano, ele assumiu a empresa de tecidos União dos Cometas. Em 1963, construiu a Companhia Industrial de Roupas União dos Cometas, batizada mais tarde de Wembley Roupas S.A.

Mas foi em 1967 que ele se juntou ao deputado Luiz de Paula Ferreira e fundou a Companhia de Tecidos Norte de Minas --a Coteminas-- em Montes Claros, cidade a 425 quilômetros de Belo Horizonte. Era o início de um império, que começou a florescer em 1975, quando foi inaugurada a mais moderna fábrica de fiação e tecidos do Brasil.

O sucesso empresarial de Alencar lhe rendeu influencia no meio. Ele foi presidente da FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais) e vice-presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria). Foi justamente nesse período que Alencar viabilizou junto a diversas lideranças a construção do SESI/Cat Nagib Mansur, mantido pela Associação Comercial, Industrial e de Agronegócios de Manhuaçu (ACIAM).

CARINHO POR MANHUAÇU

O ex-prefeito Sergio Breder e o ex-governador Aécio Neves com Alencar na inauguração do aeroporto
A placa inaugural foi descerrada por Alencar, Mário Assad Júnior, Paulo Abi-Ackel e Sérgio Breder em abril de 2007

Em 2007, ao lado do então governador Aécio Neves, José Alencar, ocupando interinamente a presidência do Brasil, inaugurou, o Aeroporto Regional de Manhuaçu. Na ocasião, durante o discurso de entrega da obra, o ex-vice-presidente lembrou sua trajetória e seu carinho por Manhuaçu. “Tenho que contar para vocês. Eu sou da região. Sou nascido em Muriaé, mudei-me para Caratinga aos 16 anos, onde vivi até os 28 anos. Nesse período vinha muito a Manhuaçu.

Aqui havia grandes festas, excelentes bailes e as moças mais bonitas de toda a região. Manhuaçu sempre esteve presente em meu coração”, afirmou em 2007.

A obra do aeroporto tinha um significado especial, pois ele conheceu a pista ainda na década de 50. “Os antigos se recordam disso. Antigamente, como comerciante utilizava as linhas da Nacional e depois a Real Transportes Aéreos. Saia de Caratinga, fazíamos escalas aqui e em Itaperuna para depois chegarmos ao Rio de Janeiro. É um prazer especial e uma vitória enorme ver a realização desse aeroporto. Essa obra vai servir a Manhuaçu e toda a região. Aqui se produz um dos melhores cafés do Brasil, com capacidade para competir em grandes mercados do mundo inteiro. Manhuaçu merece o nosso carinho”, declarou.

No trecho final de seu discurso, Alencar elogiou o carinho da população da cidade: “Vocês é que são a força que faz de Manhuaçu uma grande cidade pólo de todo o estado de Minas Gerais. Entre os 853 municípios mineiros, Manhuaçu se destaca. Não é apenas pelos bons cafés, mas pelas tradições culturais, lideranças de renome na política nacional e sua localização estratégica”, concluiu.

Carlos Henrique Cruz - portalcaparao@gmail.com - Com informações da Folha de São Paulo e Arquivo Portal Caparaó

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