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Homicídio em Chalé: Namorado se apresenta à Polícia e está preso

09/03/2007 - Atualizado em 16/03/2007 11h41
Está preso na cadeia de Lajinha, o frentista Alan Calmon Gomes, 22 anos. Ele matou a namorada com um tiro na madrugada de domingo. Betânia Gregória Lima, 18 anos, foi encontrada pelo pai em cima da cama na casa em que morava sozinha, no bairro Areião. “Minha filha era uma pessoa muito querida. Isso não pode ficar assim”, contou emocionado o pai da garota em entrevista Exclusiva ao Portal Caparaó. O rapaz foi preso depois de se apresentar na tarde de quarta-feira. O advogado dele informou ao Delegado de Lajinha, João Márcio. Contudo, o mandado de prisão preventiva já havia sido pedido desde segunda-feira e foi concedido pela Justiça de Lajinha. “Ele tentou fugir do flagrante. Nós havíamos montado um cerco, mas consta que ele foi para Vitória (ES). Pelo menos é o que ele alegou”, afirma o delegado.   VERSÃO

A versão de Alan Calmon é questionada pelos parentes de Betânia. Ele inverte o crime e argumenta que estava se defendendo. “Ele contou que estavam na festa e beberam muito. Quando chegaram em casa começaram a discutir porque ela teria paquerado outros rapazes na festa”, afirmou o delegado. O comportamento do frentista é conhecido como possessivo e ciumento. “Ele falou que ela pegou a arma e partiu para cima dele. Atirou uma vez e ele conseguiu desarma-la e atirou para se defender”, explica o delegado.

Betânia foi morta com um tiro na cabeça dado à queima roupa. “Ele diz que só atirou depois que ela atirou nele”, detalhou o delegado. A arma foi deixada por Alan na casa da jovem sob a alegação de que, como ela morava sozinha, seria melhor se “proteger”.

Em todo o depoimento, o rapaz também deu indicativos de que teria sido traído e que a discussão foi por conta do comportamento dela na festa e em histórias que, segundo ele, foi traído. Segundo o delegado: “Ele não demonstrou arrependimento”.

O delegado explica que a perícia vai poder detalhar o que houve e confirmar se houve algum disparo. O exame vai comprovar se há vestígios de pólvora na mão de Betânia. Outra informação que buscam apurar é se a jovem estaria grávida.

O advogado de Alan tenta um Hábeas Corpus para o rapaz sair da cadeia. As alegações são relacionadas a uma suposta legítima defesa e aos antecedentes dele, como residência e emprego.

DOR

O pai de Betânia lembra outro crime na região ao falar da dor que está sentindo desde que encontrou o corpo da filha estirado sobre a cama na casa dela em Chalé. Ao comentar a tragédia, o lavrador Adão Souza Lima diz que Alan “tirou um pedaço de sua vida”. Ele e a mulher e os outros três filhos não saem de casa desde o crime. “Eu perdi o gosto por trabalhar, por viver”, afirmou.

Adão conta que tem recebido o apoio de muitos amigos e reclama que o rapaz deve pagar pelo crime que cometeu. Em pleno dia da mulher, o pai da jovem compara a violência que a pedagoga Rubiana Cândida Vicente foi morta em 2006 em Manhuaçu. “Quero justiça para castigar ele. Não quero ver ele solto porque pode fazer com a filha de outro o que fez com a minha filinha”, destacou. Visivelmente transtornado, Adão diz que: “Impunidade não. Quero justiça! Nada justifica o que ele fez”. Para o lavrador, a dor só pode ser confortada pela confiança em Deus e na justiça divina.

Ele conta que a jovem trabalhava e sempre que estava de folga se dedicava a marcar e bordar. O pai não foi à festa. “Eu estava muito cansado do trabalho e fui dormir. A minha esposa e o irmão de doze anos é que saíram com ela e com o Alan. Não havia nada estranho enquanto estavam lá”, contou.

Adão encontrou a filha morta e diz que não se esquece da trágica cena: “Eu estava dormindo e um vizinho ligou. Ele contou que ouviu dois tiros e que viu o Alan saindo da casa. Eu corri para lá e pulei a janela, aí a encontrei caída na cama. Chamei e vi que estava morta. Fiquei desesperado”. O lavrador saiu correndo e sujo de sangue até o quartel da PM. Ele chegou a cair no trajeto, abalado com a dor de encontrar a filha morta.

O CRIME

A cidade estava em festa durante o sábado. O casal de namorados havia acabado de sair de uma das barracas da comemoração de 44 anos de emancipação de Chalé. Vizinhos contam que eles chegaram tranquilamente. Por volta dos 40 minutos da madrugada de domingo, ouviram dois tiros, mas ficaram com medo de ir até a casa. Todos conheciam o ciúme do namorado por Betânia e imaginaram o pior.

Com medo, dois vizinhos foram até a casa dos pais dela, que fica na mesma rua. Quando Adão de Souza Lima entrou no quarto encontrou a filha morta em cima da cama com tiro no rosto. O rapaz foi visto saindo da casa e fugindo no carro dele. O veículo foi encontrado abandonado.

PASSIONAL

Moradores tentam compreender o que aconteceu entre o casal. Segundo o Cabo Ronan Siqueira, os dois estavam na festa. “A mãe e o irmão mais novo da Betânia foram embora e eles ainda ficaram na barraca mais uns 40 minutos”, explica.

O barraqueiro Raimundo César disse que não houve discussão e nem notou qualquer comportamento estranho do casal de namorados enquanto estavam na barraca.

“Ela morava sozinha, apesar de ser perto dos pais. O Alan ia todo final de semana para a casa dela”, conta o comandante do destacamento na cidade. Segundo o militar, tudo indica que o crime tenha motivações passionais: “Ele era muito ciumento e possessivo”.

A programação de domingo da festa da cidade foi cancelada.

Carlos Henrique Cruz - 17:16 - 09/03/07 - Todos os direitos reservados ao Portal Caparaó

Jailton Pereira

Antônio José

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