Portal Caparaó - Acusação de morte por espancamento em Lajinha é apurada
Segurança

Acusação de morte por espancamento em Lajinha é apurada

01/05/2012 - Atualizado em 01/05/2012 16h49

A família busca informações do que aconteceu com Odair

As circunstâncias da morte do lavrador Odair Ferreira de Freitas, 34, no distrito de Prata, em Lajinha, estão sendo investigadas após as denúncias de familiares, na tarde de sábado, 21. Autoridades da Polícia Militar instauraram inquérito policial para apurar se existe conexão entre a ação dos militares e a morte do homem.

Segundo o registro, por volta de 16 horas de sábado, a Polícia Militar foi chamada por conta das confusões criadas por Odair. O rapaz, que tinha problemas mentais, se envolveu em uma série de confusões na comunidade, estava agitado e vinha brigando com várias pessoas, nos últimos tempos.

A última briga foi no sábado à tarde. Uma das pessoas que acompanhou a confusão foi Alan Calmon Gomes. Ele contou que estavam num bar e aconteceu o tumulto. “O Odair entrou no meu carro e me pediu para tirá-lo de lá. Saímos, fomos até Lajinha e queria deixá-lo em casa. Ele preferiu ficar na casa de um parente”, explicou.

Quando retornava sozinho para Prata, Alan foi abordado pelos militares. “Eles disseram que se não encontrasse Odair, eu seria preso no lugar dele”, afirmou.

Cerca de 20 minutos depois, Alan afirma que os militares chegaram com o lavrador algemado e preso. “Quando deixei Odair na encruzilhada, próximo à casa de um parente, ele estava normal. Depois que chegou com a polícia, estava gemendo e não falava mais nada”, explicou.

O fato que chamou a atenção da família é que o rapaz foi deixado na rodoviária da cidade. Um conhecido da família, Rogério Gomes Louzada, encontrou Odair gemendo e alegando que sentia muita dor. “Foi a única coisa que ele mencionou. Vendo o sofrimento, paguei um taxi para levá-lo em casa e o segui de moto, logo atrás”.

A MORTE

O irmão Aucione Ferreira de Freitas foi um dos primeiros a chegar em casa e ver o estado de Odair. Segundo ele, o rapaz estava estranho e vomitando sangue. “Levamos para o Pronto Socorro de Mutum, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu pouco tempo depois. Meu irmão falou que apanhou dos militares”, afirma Aucione.

De acordo com Aucione, o irmão sofria de problemas mentais. “Qualquer um sabia que ele tinha problemas. Iríamos interná-lo esta semana, estávamos olhando a papelada para isso. Agora não é por isso que alguém pode tirar a vida de outra pessoa”.

O outro irmão de Odair, Paulo Sérgio Ferreira de Freitas, reiterou as palavras de Aucione e lamentou o que aconteceu. “Nos últimos dias, ele estava depressivo. Iríamos interná-lo logo. Ele já ficou em observação uma vez e estava tomando remédio controlado. Todo mundo da rua sabia que ele tinha problemas mentais, mas isso não é motivo para matar o meu irmão. Queremos justiça”, concluiu Paulo.

POLÍCIA MILITAR

A Polícia Militar investiga as causas da morte de Odair Ferreira de Freitas, de 34 anos. Dois militares são apontados por moradores, que não quiseram revelar os nomes por medo de retaliação, como responsáveis pelo óbito do rapaz.

Comandante do 11º Batalhão, Tenente-coronel Rhodes, pregou transparência na apuração do caso.

O comandante do 11° Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Luiz Carlos Rhodes, concedeu entrevista e explicou o procedimento. Segundo ele, os dois militares cumpriram diligência de ocorrência, em princípio, de danos ao patrimônio. “O cidadão estaria agitado, batendo em pessoas, jogando bolas de sinuca e tacos em uma residência e, inclusive, agredindo uma senhora. Num primeiro momento os militares não encontraram Odair, mas depois ele foi localizado e conduzido até a sede da PM em Lajinha. Neste local, foi registrado o boletim de ocorrência”.

O comandante conta que Odair correu ao ser localizado pelos policiais. “Segundo a ocorrência, ele pulou umas duas cercas antes de ser alcançado. O rapaz disse que ficou a tarde inteira em um churrasco e que teria comido muita carne. Com o esforço físico e o que ele comeu, acreditamos que ele tenha passado mal. Inclusive fez vômito dentro da viatura”.

Tenente-coronel Rhodes explica que os policiais o levaram até o pronto atendimento de Lajinha e que, só depois, foi conduzido ao pelotão, onde foi registrada a ocorrência e ele foi liberado.
Devido a possibilidade de algum nexo entre o falecimento do Odair e a atuação dos policiais, o comandante determinou a instauração de um Inquérito Policial Militar,que ficará a cargo do capitão Rogério, comandante da PM e Manhumirim. Ele já está fazendo todas as diligências. Estamos aguardando também o laudo da necropsia realizada em Manhuaçu.

Segundo o comandante, o objetivo é dar total transparência e apurar o que realmente aconteceu. “A atuação dos policiais foi dentro dos parâmetros. Eu conheço os dois. Eles formaram aqui no 11° Batalhão e os acompanhei. Não vimos nenhuma atuação preliminar que levasse à causa deste óbito. Confiar é bom, mas conferir é melhor. Como gestor de segurança pública preciso verificar o que aconteceu e por isso instaurei o inquérito. Queremos transparência total neste caso”, garantiu.

portalcaparao@gmail.com

O Portal Caparaó não se responsabiliza por qualquer comentário expresso no site ou através de qualquer outro meio, produzido através de redes sociais ou mensagens. O Portal Caparaó se reserva o direito de eliminar os comentários que considere inadequados ou ofensivos, provenientes de fontes distintas. As opiniões são de responsabilidade de seus autores.