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Segurança

Ex-comandante do batalhão de Ibatiba é inocentado

13/05/2012 - Atualizado em 13/05/2012 23h00

Tenente-coronel Welinton foi inocentado

O tenente-coronel Weliton Virgílio Pereira – ex-comandante do 14ª Batalhão da Polícia Militar de Ibatiba, região do Caparaó – foi considerado inocente no caso de uma denúncia de extorsão contra um casal do município.

Ele foi solto, assim como os policiais militares Sandro Magueno Viana e Hamilton Mello de Souza, o fazendeiro Eduardo Gomes de Matos, o empresário Amyntas Gomes de Matos e o comerciante Jorge Antônio de Matos, presos por causa da suspeita de envolvimento com o mesmo crime.

A sentença judicial, proferida pelo juiz de Iúna Marcelo Jones de Souza Noto, é relativa à acusação de extorsão cometida contra um casal do município, na qual os seis eram suspeitos. De acordo com a sentença, a Justiça entendeu que os depoimentos das vítimas foram contraditórios, além de provas consideradas insuficientes e da chamada “extinção da punibilidade” no caso do tenente-coronel, do fazendeiro Eduardo de Matos e de Amyntas de Matos. Isto é, o prazo para alguma punição por parte do Estado prescreveu.

Eles estavam presos desde o dia 30 de novembro do ano passado em consequência da Operação Magogue, deflagrada pela Polícia Civil e o Grupo Especial de Trabalho Investigativo do Ministério Público (Geti), que prendeu nove pessoas suspeitas de cometerem vários crimes na região há mais de 20 anos, como pistolagem, extorsão, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

Em nota, a assessoria de Comunicação da Polícia Militar do Estado informou que os militares ficarão afastados de suas funções e que a Corregedoria da PM continua acompanhando o caso com a Justiça.

A reportagem tentou conversar com o tenente-coronel Weliton, mas na residência dele a informação é de estaria em Vitória. Já o fazendeiro Eduardo de Matos estava em casa, mas não quis se pronunciar.

Com militares em liberdade, testemunhas temem represálias

Testemunhas que alegam terem sido ameaçadas pelo grupo que foi solto ontem estão com medo. Uma delas, uma mulher - não identificada por questão de segurança - , afirmou que passou anos sendo ameaçada pelos policiais e pelo tenente-coronel. O filho de 18 anos está desaparecido desde 2010, e ela acredita que tenha sido morto pela polícia.

“Meu filho mexia com coisa errada, usava drogas, mas nunca machucou ninguém. Dizem que o pegaram em uma loja roubando, o policial Sandro e o policial Hamilton o pegaram e nunca mais ele foi visto. A gente está correndo risco aqui, a Justiça não está sendo feita”, contou, emocionada.
Uma outra testemunha afirma estar sofrendo ameaças pelo grupo desde 2006. “Foi quando meu marido foi testemunha de um processo trabalhista movido contra o Eduardo. Desde essa época, somos ameaçados. Dois homens chegaram a invadir a nossa casa, armados. Nunca mais tivemos sossego. Diziam que morreríamos de graça”, afirmou.

Pequenos agricultores  também afirmam serem ameaçados e extorquidos há anos. Durante a Operação Magogue, as investigações apontaram que o grupo tomava as terras e sacas de café dos trabalhadores.

Acusados respondem a outros inquéritos

O delegado da Superintendência de Polícia do Interior, André Luiz Cunha Pereira, afirmou que a absolvição dos militares e empresários não é o fim da linha. “Esse foi apenas um dos inquéritos, correspondente ao crime de extorsão. Mas há outros. Essa decisão ainda é possível que seja revogada. Iúna viveu por duas décadas na escuridão. As vítimas estavam sem voz”, afirmou.

Segundo o delegado, é possível que nos outros processos haja condenação. “Segundo análise do Geti, há uma lentidão nos processos, o que dificulta tudo. Mas ainda há chances de eles serem condenados. Por exemplo, Eduardo de Matos ainda responde ao processo das armas encontradas”, explicou, referindo-se às 15 armas encontradas na casa da sogra do fazendeiro durante a operação, além de R$ 220 mil em dinheiro.

O Superintendente de Polícia do Interior, Danilo Bahiense, informou que existem outros 22 inquéritos. “Desses, 10 já foram concluídos e encaminhados para que a denúncia seja formalizada. Os outros serão terminados, creio que ainda nessa semana”, disse.

Na sexta, houve manifestação da população em frente ao Fórum de Iúna contra a sentença de absolvição dos seis réus. As testemunhas que participaram do julgamento e que alegam sofrerem ameaças estiveram presentes.

Sara Moreira - A Gazeta

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