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Projeto Atitude é apresentado para acadêmicos da Faminas

08/04/2015 - Atualizado em 08/04/2015 18h12

MURIAÉ (MG) - O trabalho do Projeto Atitude, desenvolvido em Manhuaçu e em Manhumirim, com deficientes visuais e auditivos, está ganhando novas regiões. Aliado ao trabalho do professor Fernando Portes, que é referência na Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), o trabalho está conquistando mais espaço e reconhecimento.

Na última semana, o professor Fernando Portes levou integrantes do Projeto Atitude para uma aula especial com acadêmicos do 7º período do Curso de Ciências Contábeis e do 9º período de Direito da Faminas em Muriaé.

Além de ser consultor e professor na área há mais de dez anos, na faculdade de Muriaé Fernando Portes ministra a disciplina de libras para os estudantes dos cursos superiores. 

“Ter a disciplina de LIBRAS nas universidades brasileiras é uma vitória para a comunidade surda, após décadas lutando pela valorização e reconhecimento da língua de sinais. Por outro lado, ter a língua de sinais no currículo da universidade gera uma mudança social não somente pela sua presença, mas também pela aceitação e compreensão por parte dos alunos”, ressalta o professor.

A aula especial foi para mostrar aos estudantes que não existe barreira quando se encara os desafios com fé e determinação. “Os acadêmicos passaram por um momento único, na formação profissional e social da vida deles. Durante o período da aula, eles acompanharam e interagiram com os atendidos pelo projeto. Conversaram com os surdos através da LIBRAS e ouviram os testemunhos dos deficientes visuais, que emocionaram todos os presentes”, completa.

Idealizado em Manhuaçu, o projeto foi posto em prática pelo Prof. Fernando Portes e está sendo ampliado para Manhumirim. Nas faculdades da região, o educador também já ministrou a disciplina, bem como em cursos para entidades, empresas e organizações do setor público.

DESTAQUES

Em Muriaé, os surdos, através dos sinais, contaram um pouco da sua história de luta e superação. Aos poucos a emoção foi tomando conta da sala e o ápice da aula foram os depoimentos dos deficientes visuais. Se os alunos esperavam choros e lamentações se enganaram. O que se ouviu foram palavras de incentivo, luta e superação dos cegos Antônio Marcos e Serginho, que moram sozinhos e deram verdadeiras lições de vida.

Serginho, além de morar sozinho, frequenta o 9º período do curso de Direito em Manhuaçu. “Os depoimentos ouvidos durante as aulas deste dia, foram espontâneos e de coração, além de Serginho e Antônio Marcos, que são mais autônomos e levam uma vida mais independentes, isso claro dentro das limitações que impõem a eles, tivemos ainda as falas das meninas assistidas pelo Projeto Atitude, que contaram das dificuldades vencidas, do apoio da família e o mais importante a oportunidade de voltar a sonhar, de voltar a estudar, conquistar o seu espaço e a sua autonomia”, frisou Fernando.

Em umas das falas, Tatiane, 21 anos, moradora de Manhumirim, deixou os alunos perplexos com a naturalidade que a jovem encara sua deficiência. “Não nos vejam com dó, como coitadinhos! Nós somos normais como qualquer de vocês. Eu sou normal, apenas não enxergo, mas sou igual a vocês”, disse a jovem.

São muitos os desafios e lutas para os deficientes, principalmente quanto à acessibilidade, mas a experiência em sala de aula com um aluno surdo, cego ou portador de qualquer outra necessidade especial, faz com que ele tenha uma formação profissional e social diferente. “Este graduando terá uma melhor compreensão da importância da LIBRAS do que o aluno que nunca teve contato anterior com o surdo. Além, é claro, da valorização da língua de sinais como primeira língua da comunidade surda brasileira, há outro motivo para essa disciplina ser obrigatória”, finaliza Fernando Portes.

A maior lição da visita é que não basta incluir um aluno surdo sem que o professor saiba o básico da LIBRAS, sem que a escola tenha intérprete de língua de sinais; sem que os professores compreendam quem é o aluno surdo, desenvolvam atividades para esse aluno e, imprescindivelmente, sem que haja reconhecimento da linguagem de sinais.

Jailton Pereira - portalcaparao@gmail.com

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