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Acessibilidade e inclusão: a importância do ensino da Libras

13/05/2016 - Atualizado em 14/05/2016 08h43

MANHUAÇU (MG) - Muitos foram os avanços e as conquistas para os deficientes desde a aprovação da Lei Brasileira de Inclusão criada em 06 de julho de 2015 e sancionada em janeiro de 2016. Mas na prática pouca coisa se tem feito em favor dos deficientes. Sem sombra de dúvidas, uma das maiores conquistas foi a instituição da Libras – Lingua Brasileira de Sinais através da Lei 10.436 de 24 de abril de 2002. A partir da publicação da lei e decreto, respectivamente, de reconhecimento e regulamentação da Libras – Língua Brasileira de Sinais, que legitimam a luta social pelo respeito às diferenças e a diversidade.

Os mecanismos de acessibilidade, portanto, são recentes e sujeitos a muitas dúvidas e incertezas até porque, uma mudança de paradigma não ocorre por Decreto, a fase de transição é demorada e construída com “trincheiras” que muitas vezes se atropelam pela ânsia do fazer acontecer, além da influência cultural herdada por nossos patrícios de reconstrução pacífica e cíclica da nossa história.

Inclusão Escolar

No cenário escolar não é exclusividade a presença de surdos, existe toda uma diversidade de gêneros, etnias, alunos com dificuldades de aprendizagem e necessidades educacionais especiais desde a hiperatividade, autistas, transtornos e déficits de aprendizagem, crianças superdotadas, com deficiências sensoriais, motoras, mentais, múltiplas deficiências e os surdos que por sua vez não devem mais serem vistos como  culturalmente são identificados na sociedade participantes do grupo das “pessoas com deficiência”, fato este, que requer um atendimento clínico, por refletir-se no modelo terapêutico de uma patologia, contudo, trata-se de alguém que possui uma diferença, Apresentam um canal visual-gestual de comunicação.

Alguns profissionais e órgãos públicos preocupados com a qualidade no aprendizado destes alunos estão se especializando em cursos voltados para qualificação profissional em diversas áreas, entre elas, a Libras.

De acordo com o Professor Fernando Portes, especialista em educação inclusiva, até poucos anos atrás, a educação de surdos apresentava a oralidade como fundamentação pedagógica. “Não existia a figura do intérprete em sala de aula e os surdos eram discriminados e marginalizados pela grande maioria das pessoas justamente por não saberem como lidar com esta especificidade, o ciclo vicioso confirmava a deficiência e o atraso na aprendizagem, não se aprendia como lidar, como se comunicar e a quem servir enquanto modelo verticalizado de ensino e formação”, explica.

O conceito de inclusão vem se apresentando como exemplo de reconhecimento social, beleza e desejável numa ampla reforma educacional. “Existe toda uma discussão filosófica, educacional e psicológica na constituição da personalidade e da educação das pessoas para conviver em sociedade.  A criticidade e a revolução educacional são caminhos que estruturam e se baseiam na fundamentação ideológica do que é ensinar-aprender e muito mais ainda no papel da escola como emancipadora e estimuladora da autonomia apoiados invariavelmente pelo espaço familiar. É preciso repensar o papel do binômio família-escola na educação de surdos é, acima de tudo, fundamentar e conceituar a acessibilidade e a inclusão social que carecem de conhecimento integrado entre os saberes populares e científicos”, completa.

Segundo Fernando Portes numa sala inclusiva onde todos recebiam os mesmos conteúdos diários surgiram dezenas de conflitos. “As críticas à metodologia e a postura dos professores e intérpretes em sala de aula como: excesso de termos para conceituação, comunicação verbalizada rápida, sem direcionamento físico para os surdos com verbalização de costas para a sala e sem articulação labial fonética acessível para leitura labial, vocabulário rebuscado e repleto de sinônimos descontextualizados à Libras.  Estes foram alguns dos pontos mais críticos observados pelos surdos na avaliação pedagógica”, ressalta.

Sociedade Inclusiva

A construção de uma consciência social inclusiva se afirma pela livre convivência e pelo conhecimento e reconhecimento da diversidade como pluralidade e respeito às diferenças.  A Libras, portanto, assume um papel lingüístico de permitir a comunicação, a interação social e a constituição da própria personalidade.  É uma característica diferenciadora dos animais.  A Libras como língua oficial é patrimônio da população brasileira, este status deve ser garantido não apenas por Decreto, mas acima de tudo, como motivação societária e sua utilização deve ser assumida em todos os currículos escolares e em todas as salas de aula como disciplina regular, tão mais do que as línguas estrangeiras, servindo de atributo social, político, econômico e cultural da população.

Em Manhuaçu muito tem sido a procura por cursos de qualificação inclusiva, não só por profissionais e estudantes da área da educação, mas também por familiares de pessoas deficientes, profissionais liberais, agentes públicos e empresas e lojistas preocupados com a acessibilidade e atendimento deste público.

Jailton Pereira - jailton@portalcaparao.com.br

 

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