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Câmara debate mendicância e moradores de rua

06/12/2013 - Atualizado em 06/12/2013 09h28

MANHUAÇU (MG) - A Câmara de Vereadores promoveu reunião na manhã desta sexta-feira, 06/12, com a presença de diversos atores que auxiliam a população de rua. Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social, Fumaph, Polícia Militar, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e CREAS participaram do encontro.

A união de forças foi o objetivo do encontro, conforme explica o presidente da Câmara, Maurício Júnior: “A proposta nossa ao promover essa reunião foi por causa das diversas solicitações e cobranças da população, em especial nas proximidades do Supermercado Coelho Diniz, na praça da matriz. Queremos fazer uma união com as entidades, além do poder público, para acolher os moradores de rua, encaminhar os que são de outras cidades e tomar providências com aqueles que andam extorquindo dinheiro das pessoas, ameaçando agredir ou danificar carros”.

Da reunião, saíram propostas de fortalecer a atuação em duas frentes: a abordagem a dependentes químicos e às pessoas que ficam nas ruas e a intensificação de campanhas para que a população não dê esmolas. 

ATUAÇÃO POLICIAL

O Tenente Luiz Hott, da Polícia Militar, relatou que desde o dia 25 de novembro foram intensificadas as ações de policiamento com foco nesse problema do Centro, bem como nas portas de lanchonetes e padarias na Praça Cinco de Novembro e no Coqueiro, além do terminal rodoviário.

“Manhuaçu tem problemas de uma população flutuante muito grande. Isso é bom por um lado, mas traz consequências e uma delas é a presença de tantos andarilhos e pessoas que ficam nas ruas pedindo. Estamos fazendo abordagens constantemente, dando buscas e questionando o motivo de ficarem nesses locais. Contamos com apoio da população, evitando de dar esmola para essas pessoas”, destacou o militar.

Luiz Hott explica que a cidade tem um problema também por conta do plantão regionalizado da Polícia Civil. Como todos os casos precisam ser trazidos para Manhuaçu, a pessoa de Espera Feliz, Mutum ou Lajinha depois que é liberada da delegacia, fica na cidade. “Torna-se um problema até conseguir embora novamente”.

Sobre as abordagens, a atuação pontual nas proximidades do Coelho Diniz tem procurado orientar comerciantes a não darem comida para os pedintes. Quanto as reclamações de que os mendigos fazem ameaças para quem não dá dinheiro, o tenente incentivou o registro de ocorrência: “Ninguém procurou a Polícia Militar para registrar ocorrência de dano ou de que foi vítima de extorsão. Muitos reclamam, mas ninguém chega para os policiais e se apresenta como vítima desse crime. Sem a vítima, nós não podemos fazer nada. As pessoas preferem dar a esmola para ficar livres do problema”.

ESMOLA É INCENTIVO

O assistente social Amadeu Brandão, do projeto coordenado pela Fumaph, conta que justamente a atitude de dar esmola é que incentiva os moradores de rua. “Temos relatos de pessoas que vieram para Manhuaçu por causa da hospitalidade. Conheceram a cidade por ficarem sabendo que a população contribui dando esmolas, comida, bebida. Quando alguém dá algo para os moradores de rua é como um convite para que eles permaneçam nas ruas”, pontuou.

O trabalho de abordagem neste ano já atendeu 256 pessoas. Segundo Amadeu Brandão, 111 foram encaminhados para suas famílias. Quanto a pessoas de Manhuaçu que ficam nas ruas da cidade, o número era de 41 e caiu para 28. “Conseguimos reestabelecer os vínculos com familiares e em outros casos viabilizamos a internação clínica”.

O vereador Gilson César aproveitou a ocasião para lançar a necessidade de expandir as ações para os distritos, especialmente Realeza, que reúne o entroncamento das rodovias federais.

O Secretário de Trabalho e Desenvolvimento Social, Macilon Breder, diz que são tomadas providências. Em geral, foram as emitidas pelo albergue, são mais de 120 passagens doadas mensalmente para pessoas deixarem Manhuaçu e retornarem para suas cidades. “É um trabalho permanente de convencê-los a sair das ruas, buscar o retorno para a família ou para a cidade de referência deles. Estamos conseguindo avançar”, garante.

Geralda Lina, da Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social, apresentou dados do albergue municipal que mostram que 880 pessoas foram atendidas no local neste ano. Desse total, foram doadas 448 passagens para que fossem embora para suas cidades de origem.

PROJETO ACOLHER

Foi coro geral na reunião a necessidade de reforçar as ações do Projeto Acolher, desenvolvido com várias entidades, sob a liderança do Rotary Clube.

Para o vice-presidente da Câmara, Anizio Gonçalves, a campanha “Não dê esmolas. Dê cidadania” atingiu os objetivos. “Tivemos uma redução significativa de pessoas pedindo na porta das lanchonetes e restaurantes. Quando não conseguiram esmolas, alguns foram até o CREAS e pediram passagem para irem embora. O projeto é importante porque focava em oferecer dignidade e atendimento, mas sem criar vínculo para essas pessoas continuarem pedindo”, detalhou.

O vereador Juninho Linhares, que também é policial civil, argumentou que a proposta de uma audiência pública e ações integradas de vários segmentos são significativas. “Não é só dar comida, a gente tem de ir um pouco além. Ninguém se iluda porque a situação é muito mais profunda do que se possa imaginar. Temos que promover uma mobilização e convidar outros segmentos”, garantiu.

O presidente da Câmara Maurício Júnior anunciou que serão procurados representantes do Ministério Público, Poder Judiciário, Consep e outras instituições para promover novas ações e apoiar a campanha do projeto Acolher.

Carlos Henrique Cruz - portalcaparao@gmail.com

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