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Comunidades rurais protestam contra fechamento de escolas

30/01/2014 - Atualizado em 30/01/2014 12h42

MANHUAÇU (MG) - Manifestação formada por moradores de comunidades rurais de Manhuaçu tomou as ruas da cidade na manhã desta quarta-feira (29/01). Em seguida, o Paço Municipal foi palco de concentração por parte dos populares que eram contra medidas adotadas pela Secretaria de Educação e de Obras.

Tudo começou na semana passada, quando a Prefeitura de Manhuaçu anunciou que algumas da zona rural seria adequadas dentro de um projeto chamado nucleação. O objetivo era reorganizar a rede de ensino, melhorando o gerenciamento das escolas. Neste sistema, os profissionais da Secretaria Municipal de Educação passariam a atuar de forma direta nos ambientes escolas, apoiando não só o núcleo de gestores como também os professores, na busca por melhoria no aprendizado dos alunos, como também trabalhando as dificuldades que os profissionais da educação têm na hora de inovar em suas intervenções pedagógicas.

REVOLTA

Porém, a ação proposta pelo município não agradou à maioria dos pais de alunos. Um dos líderes da manifestação, Paulo Aparecido Lopes Firmino explicou o objetivo dos protestos. “Pedimos segurança para as nossas crianças. As estradas rurais estão em péssimas condições. Todos nós que trabalhamos na zona rural teremos que ir à rua para buscar nossos filhos. Tem lugar que ônibus não passa. E o que é pior, ninguém nos consultou. Nem a secretária de Educação, nem o prefeito. Ficamos sabendo dessas ações através de terceiros”, alegou.

Neuriane Alves, que é moradora do Córrego Taquara Preta e mãe de aluno, esteve na manifestação. “Tudo o que foi falado pela senhora secretária de Educação, através desta reunião na tarde de ontem, nós já sabíamos. Entendemos que a nucleação será boa e importante para desenvolvimento das nossas crianças. Porém, o governo municipal se esqueceu de dar condições adequadas para que os alunos cheguem às escolas. O mapa, que apresenta a distância de uma escola para a outra, não condiz com a realidade. Vamos aguardar uma nova reunião para saber o que será feito”, lamentou.

Outra comunidade que está revoltada com a nucleação é a do Córrego Boa Vista. Alzira Aparecida Félix, moradora do local e mãe de alunos, afirma que a escola possui pelo menos 30 alunos. Dentre esses, há crianças na faixa de 5 a 6 anos. “Outras já têm 10, 11 anos e sabem se cuidar um pouco melhor. Mas as menores não têm condições de se virarem sozinhas. As escolas que vão receber nossas crianças estão superlotadas. Além disso, o trajeto é muito longo, está na faixa de 18 quilômetros. A situação se agrava com o período de chuva”, comentou.

CÂMARA

Para o presidente da Câmara de Manhuaçu, Maurício Júnior, “a nucleação não atende às necessidades das comunidades rurais. Ainda em campanha, o senhor prefeito disse que valorizaria o homem do campo. Mas ao contrário, ele fechou escolas de 60 anos sem conversar com ninguém. Ele alegou que as escolas da sede e mais próximas estariam em melhores condições de receber as crianças, mas isso é uma mentira. Eu visitei algumas instituições de ensino, como a da Ponte da Aldeia e da Vila Formosa, e constatamos péssimas condições”, esbravejou.

No final do ano passado, a Câmara aprovou projeto de lei que permitia ao Executivo contratar funcionários para reforma de escolas. Porém, de acordo com Maurício, algumas ainda precisam de mais cuidados. “Além disso, e as nossas estradas rurais? De onde virão os ônibus para transportar as crianças? Houve licitação? O atual governo não conversa com a população. Ao contrário, tenta empurrar uma nucleação goela abaixo do povo. Falta sensibilidade do senhor prefeito para poder ouvir mais. Nossa proposta é que esse projeto seja suspenso e só retorne depois de ouvir a comunidade”, concluiu.

GOVERNO MUNICIPAL

Depois de várias horas reunida com a comissão de pais de alunos, representantes das comunidades rurais e vereadores, a secretária de Educação avaliou o encontro como positivo. “A reunião teve saldo positivo, ao recebermos pais de alunos que estudam nas comunidades rurais. Firmamos alguns acordos. Demos a garantia de que algumas escolas iniciarão o ano letivo no dia 3 de fevereiro, logo após passarem por algumas reformas. Reiteramos que todas as reivindicações apresentadas serão estudadas. Para nós, esse é o caminho: dialogando”.

Num primeiro momento, algumas escolas não serão nucleadas. Este é o caso da escola de Palmeiras, que está sendo toda reformada, recebendo novos materiais, como carteiras para os alunos, biblioteca e sala de computação.

Sobre a escola de Vila Formosa, que sofre ação na Justiça e foi embargada, a secretária alega que “os alunos precisarão aguardar a decisão judicial. Enquanto isso, assistirão aulas em outra escola. Apresentamos laudo da reforma que havia sido feita antes de assumirmos a Prefeitura, em 2011. Estávamos aguardando parecer da empresa que prestou o serviço, mas não obtivemos resultado positivo. Sendo assim, o município precisou tomar medidas para deixar o imóvel em condições de receber os alunos”, explicou Gelvânia.

Uma nova reunião será agendada com os pais de alunos de cada comunidade, depois de avaliadas das ideias apresentadas nesta última reunião.

NUCLEAÇÃO

A nucleação é uma política pública orientada pelo Ministério da Educação (MEC), pelo Governo do Estado e, principalmente, pelo Conselho Estadual de Educação. De acordo com a Prefeitura, em Manhuaçu, existem 16 escolas que tinham mais um perfil de “grupo escolar” do que de uma escola, como prevê o MEC.

O processo de nucleação está possibilitando a melhoria na estrutura, no gerenciamento e no monitoramento feito bem de perto dos indicadores da qualidade do ensino, para que a educação de Manhuaçu possa chegar a níveis de excelência.

O projeto de nucleação é previsto desde 2010 pela nova Lei de Diretrizes Básicas da Educação. As crianças poderão ter acesso à biblioteca e inclusão digital nos novos endereços. As estruturas de reformas e aquisição de novos materiais pedagógicos estão planejadas e serão implantados gradativamente, em 2014 e 2015.

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