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Caso Bernardo: Edmardo Antônio divulga carta sobre acusações

19/07/2008 - Atualizado em 22/07/2008 10h58
Edmardo Antônio rompeu o silêncio. O homem de 55 anos acusado de participação na execução do advogado e oficial de justiça Bernardo Mendonça Tebet entregou uma carta aos familiares para que a imprensa tivesse acesso a sua versão dos fatos. Ele nega participação no crime, mas até agora ninguém havia conseguido entrevistá-lo para ouvir sua história.

Preso no dia 08 de junho pela equipe chefiada pelo Delegado Cristiano Augusto Xavier, ele é apontado pela Polícia Civil e por Wellington Martinez como envolvido na morte de Bernardo. Na primeira versão divulgada, ele teria orientado o rapaz quando tentou matar o advogado em 2005 e participado diretamente em 2007 dando suporte e fuga para o jovem quando ele executou o oficial de justiça na estrada entre Reduto e Manhumirim.

Na carta, Edmardo reclama da fala do advogado da família de Bernardo, Dr. Reinaldo Magalhães: “Eu admiro um criminalista de ilibada reputação fazer críticas e suposições equivocadas a meu respeito e sobre o caso da morte do Dr. Bernardo”.

Edmardo afirma que somente Wellington cometeu o crime. Ele elogia o trabalho da Polícia Civil e diz que eles puderam levantar, com informações privilegiadas e técnicas apropriadas, o envolvimento do rapaz e a motivação para o crime. A equipe do delegado Cristiano Augusto Xavier divulgou uma versão em que Bernardo teria contratado Wellington e Edmardo por 20 mil reais para mata-lo e assim deixar um seguro de 2,5 milhões para sua família.

Na carta, Edmardo acha que Wellington tem que se explicar: “O réu confesso tenta preservar alguém de sua consideração, ou por medo de represália por parte do suposto parceiro, ou nem existe segunda pessoa. Mas, como eu não estava na cena do crime, ele que se explique. Vossa Senhoria (o advogado Reinaldo Magalhães) colocou bem quando disse que ele é um bobo da corte. Por medo, ou por falta de caráter, se tornou um instrumento manipulado para atingir pessoas que nada tem a ver com o crime”.

Edmardo já cumpriu pena por homicídio em Manhumirim. Para ele, está sendo julgado por conta de seu passado e incriminado injustamente. “Desde 83 até hoje o meu nome nunca mais foi envolvido com a justiça. Só usei armas na ditadura, em 83, quando o direito perdeu a força, e a força tentava fazer o direito”.

Em outro trecho, diz que o que estão fazendo com ele nunca poderá ser reparado: “Ninguém vai me usar para prejudicar ninguém. O meu depoimento é um só, e não tem dois sentidos. Eu não tenho duas caras, sou sujeito homem e não faço por emoção, e sim pela razão.

A justiça vai chegar numa conclusão que está havendo dedo da política suja e interesse financeiro no caso, que induz os erros judiciais irreparáveis, como no tempo da ditadura”.

AMIZADE COM BERNARDO

A maior parte da carta é usada por Edmardo para explicar argumentos utilizados pelo advogado da família de Bernardo. “Alega que conheci o Dr. Bernardo através de meu irmão, informe-se primeiro. Pois conheci o mesmo há mais de oito anos, bem antes do meu irmão. Mente ao afirmar que eu procurava o Dr. Bernardo, pelo contrário, ele que sempre ia a minha casa sozinho e passava horas batendo papo comigo e minha ex-mulher. Eu é que nunca fui a casa dele. Como ele tinha medo de mim?”, questiona.

Em outro trecho Edmardo diz que nunca induziu Bernardo a fazer concurso para delegado. “Isso é subestimar até a memória do mesmo. Dá a impressão que ele era imperceptível e leigo. Vossa Senhoria usa a sociedade para defender interesses isolados de uma minoria, que recebe e absorve idéias absurdas, aguçando a má fé. A sociedade quer a verdade dos fatos, pois, de demagogia, já está farta”, alfinetou.

No trecho final do desabafo, Edmardo critica a ONG que o advogado quer criar relacionada a impunidade. “…deveria unir-se com quem está com propósito legítimo de fazer justiça, e não tentar distorcer a verdade, nem causar transtorno e gastos supérfluos à Justiça. Antes e depois deste crime, já aconteceram outros crimes piores na região. Pessoas menos favorecidas, sem seguro gordo, bóias-frias, apanhadores de café, têm sido vítimas de mortes violentas e não apareceu ONG para dar-lhes, sequer um pingo de esperança. Não apareceu nem um vidente jurídico para elucidar o crime. São vários, que tenham bom senso, que lute por todos, sem acepção ou discriminação de pessoas”.

A reportagem tentou contato com o advogado Reinaldo Magalhães mas foi informada de que ele está viajando. Apesar da carta, ainda é preciso que haja espaço para fazer questionamentos a Edmardo Antônio sobre o que aconteceu.

SEGREDO DE JUSTIÇA

Como o caso corre em segredo de justiça pouco se sabe sobre os motivos e fatos que a Polícia Civil utilizou para apontar o envolvimento de Edmardo. Informações extra-oficiais dão conta de que as ligações do telefone celular de Bernardo são os principais pontos em que as acusações foram baseadas.

Apesar da primeira versão, com a prisão de Manoel Pereira Lima (Nelito) no início deste mês, a comunidade já sabe que a Polícia Civil trabalha com outras hipóteses para o crime. No mesmo dia em que foi decretada a prisão do ex-prefeito de Santa Margarida, a Justiça determinou a mudança da prisão dos dois de temporária para preventiva, dando a entender que havia mais provas contra eles.   Leia a íntegra da carta de Edmardo    Carlos Henrique Cruz - 19/07/08 - 19:54 - portalcaparao@gmail.com  - Com informações de familiares e do jornal Diário de Manhuaçu

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