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Manhuaçu 143 anos: Artigo apresenta dados históricos do município

05/11/2020 - Atualizado em 06/11/2020 08h31

MANHUAÇU (MG) - O cirurgião dentista e membro da Academia Manhuaçuense de Letras,  José Olinto Xavier da Gama, recorda dados históricos de Manhuaçu neste aniversário de 143 anos de emancipação político-administrativa. Ele é Genealogista e atualmente está cursando História.

Leia o artigo:

Manhuaçu, completa no dia 5 de novembro de 2020: 143 anos de Emancipação Política, sem muitas festas, por causa da Covid-19.

Vamos fazer uma resumo histórico de nosso município, segundo o Padre Demerval Alves Botelho, grande historiador do Vale do Rio Manhuaçu, recentemente falecido.

Os primeiros exploradores da nossa região vieram do litoral. “Atualmente com a abertura de cartas no Arquivo Ultramarino de Lisboa Ocidental, das Capitanias de Porto Seguro e Espírito Santo foram verificados que, pessoas como Sebastião Fernandes Tourinho (Porto Seguro 1572) e Vasco Fernandes Coutinho Filho (Espírito Santo, 1570), foram os primeiros exploradores. Posteriormente no século XVIII, houve explorações de Ouro, no Rio Manhuaçu, por mais de 30 anos, pelo Sargento Mor da Capitania do Espirito Santo, Pedro Bueno Cacunda, natural de Taubaté/SP, que veio morar em Itapemirim, onde já estavam sua sogra e cunhados. A tentativa de povoar não teve êxito, pois seus comandados foram mortos, pelos índios Puris. Ele desceu o rio e fundou o povoado de Santa Ana do Rio de Mayguaçu, nome primitivo da época.

No início do século XIX, nossa cidade, ainda não constava no mapa, era apenas, uma aldeia dos Índios Puris, situada ente o bairro Coqueiro e saída para Ipanema. Em 1800, com um tratado de divisas das Capitanias de Minas Gerais e Espirito Santo, iniciou-se uma disputa, pela região chamada de “Contestado ao Sul do Rio Doce”.

Em 1814, foi construída uma estrada ligando a cidade de Vitória a Vila Rica, atual Ouro Preto. Esta estrada foi construída de Vitoria até Abre Campo, pelo Tenente Coronel Inácio Pereira Duarte Carneiro e de Vila Rica a Abre Campo, pelo Capitão João Fernandes de Lana, segundo Araújo Aguirre em seu trabalho sobre a mesma.

O construtor do lado Espirito Santo relatou a passagem por rios e montanhas. A estrada seguia, muitas vezes, o mesmo trajeto da atual BR-262, e em outros trechos, como de Pequiá, antiga Santana do Rio José Pedro, ela subia pelo rio, passava onde hoje é Manhumirim, depois Luisburgo, Gameleira, São João do Manhuaçu, Santa Margarida, Abre Campo até Vila Rica.

Com a estrada, vieram pessoas de Minas Gerais e Espirito Santo. Foram criados povoados como Pouso Alegre, Gameleira, Santa Margarida, Santo Antônio do Manhuaçu, Rio Pardo(Iúna), Rosário (Ibatiba),

Domingos Fernandes de Lana chegou no início da segunda década do século XIX, montando uma fazenda entre Matipó e Santo Amaro. Construiu casas para trocar bijuterias pela planta Ipecacuanha com Índios Puris, ganhou o nome de “O Poaiaeiro”, pois a Ipecacuanha era conhecida também como Poaia. Era tirada dela a emetina, usada para enjoos.

Depois disto em 1856, quando o povoado tinha o nome de São Antônio do Manhuaçu, Luís Antônio de Cerqueira, chegou a região e pediu, para trocar santo padroeiro para São Lourenço, do qual era devoto. Foi estabelecida legalmente a povoação que de Santo Antônio do Manhuaçu, passaria a se chamar, São Lourenço do Manhuaçu - ou Pouso de São Lourenço.

Em 1873, com o crescimento do povoado, foi criado o Distrito Policial e Administrativo de São Lourenço do Manhuaçu - Termo de Ponte Nova.

Tempos depois no dia 5 de novembro de 1877, pelo decreto provincial número 2.407, foi criado o município do Rio Manhuaçu, com duas vilas: São Lourenço do Manhuaçu e São Simão, com sede provisória em São Simão  (Simonésia) e quatro freguesias (Paróquias): São Francisco do Vermelho (Vermelho Velho), Santa Margarida, Santa Helena (Caputira) e São Roque do Caratinga, que depois chamaria, São João do Caratinga (Caratinga), e também, oito povoados: Cabeluda, Gaio, Matipó, Sacramento, Pirapetinga (Manhumirim), Dores do José Pedro, Santa Cruz do Rio José Pedro, Santana do Rio José Pedro, que foi devolvido, para a província do Espírito Santo.

Numa reunião foi determinada pelos componentes dos distritos que seriam construídas: a Câmara, Cadeia e Fórum e que a sede do município passasse a ser a Vila de São Lourenço do Manhuaçu, depois Cidade do Manhuassu, isto em 1881, também foi criada a comarca no mesmo ano.

Em 1896,houve uma briga pelo poder Municipal entre os Coronéis Nicolau da Costa Mattos, Frederico Dolabela e Serafim Tibúrcio da Costa, onde o mesmo invadiu e tomou a cidade com 30 homens ,fortemente armados, fixando no prédio do Fórum e Câmara, durante 22 dias, negociou a devolução do prédio, num cargo de Senador, não foi atendido. Quando soube que um tropa federal com 400 homens estava em Carangola, vindo para Manhuaçu, retirou-se para Espirito Santo, cidade de Afonso Claudio.

No início do Século XX, vários fatos tornaram nossa cidade centro da região como, a chegada da Estrada de Ferro (Leopoldina Railroad), em 1915. A Luz Elétrica em 1917. Em 1969, o asfaltamento da BR-262. Com isto o progresso veio, hoje com o município ainda grande com quase 100.000 habitantes, destacando no Leste das Minas Gerais.

José Olinto Xavier da Gama

Fonte de Pesquisas

1-Botelho,Demerval Alves,História de Manhumirim,Município e Paróquia,Editora O Lutador,Belo Horizonte,MG,1987

2- Gama,José Olinto da da,Capítulos da História do Vale do Manhuaçu,Edição do autor,Grafica Brasil,Manhuaçu MG,2017

3-Gama,José Olinto Xavier da,Manhuaçu,Rio e Município,Edição do autor,Gráfica Brasil,Manhuaçu,MG,2008.

4)Pesquisas no Arquivo Público Mineiro e Arquivo Publico do Espírito Santo de 2005 a 2017.

5) Revista do Instituto Histórico e Geografico do Espirito Santo,Vitória ES,1922

6)Site Estação Capixaba” Descrição da Estrada ligando a Vila de Vitória a de Vila Rica”

7)Pesquisa na Curia de Mariana,de 2006 a 2017,Mariana MG

8)Durço,Jonathas,Pokrane,Edição do Autor,Caratinga,1988.

9)Relatório das Províncias, Site da Universidade de Chicago,Illinois,USA

10)Pesquisa no Arquivo da Câmara de Mariana,ICHUFOP,Mariana MG em 2017.

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