SÃO JOÃO DO MANHUAÇU (MG) - O mundo perdeu nesta sexta-feira (23) um dos maiores nomes da fotografia contemporânea. Sebastião Salgado, mineiro de Aimorés, faleceu aos 80 anos em Paris, onde vivia há décadas. Reconhecido mundialmente por suas imagens em preto e branco que retratam a dignidade humana e as belezas naturais, Salgado também deixou uma marca profunda na região de São João do Manhuaçu.
Foi na fazenda dos irmãos Ednilson e Walter Dutra, na região de São João do Manhuaçu, que Sebastião Salgado realizou parte de seu trabalho voltado para o universo do café, tema que inspirou o livro e a exposição internacional “Perfume de Sonho”. Na propriedade, ele registrou o cotidiano dos trabalhadores e a paisagem que compõe a cultura cafeeira da região.
Homenagem dos irmãos Dutra
Logo após a confirmação do falecimento, os irmãos Dutra publicaram uma mensagem nas redes sociais lamentando a morte do amigo e fotógrafo. “Mais que um fotógrafo lendário, ele foi um grande amigo que capturou a alma da nossa fazenda com sua lente e seu coração. Sua presença iluminava nossos dias, e suas fotos eternizaram a beleza da nossa terra e de nossa gente”, escreveram.
Na postagem, os irmãos destacaram ainda a simplicidade e a sensibilidade de Sebastião. “Sentiremos falta de sua voz mansa, de suas histórias e da sua amizade sincera. Sebastião se foi, mas seu legado de arte e carinho viverá para sempre em nossas memórias e em cada imagem que ele nos deixou.”
Ligação com o café
Sebastião Salgado tinha uma ligação especial com o café desde a infância. Filho de um comerciante do grão, cresceu acompanhando o transporte de café pelas trilhas da Estrada de Ferro Vitória-Minas. A paixão pelo tema o levou a percorrer durante dez anos várias regiões produtoras do mundo, incluindo a de São João do Manhuaçu, para produzir o projeto “Perfume de Sonho”, que homenageia os trabalhadores e as paisagens das plantações de café.
Ao longo da carreira, Sebastião Salgado documentou grandes movimentos sociais, conflitos, desastres ambientais e belezas naturais, sempre em preto e branco, com foco na condição humana e no meio ambiente. Entre suas obras mais conhecidas estão os projetos “Êxodos”, “Gênesis” e “Trabalhadores”.
O fotógrafo recebeu diversos prêmios internacionais e deixa um legado que atravessa gerações, sendo referência tanto na fotografia documental quanto na defesa do meio ambiente.
O corpo de Sebastião Salgado foi velado e sepultado em cerimônia restrita à família, em Paris.
Carlos Henrique Cruz - Portal Caparaó