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Catadores de recicláveis revelam rotina de exclusão em pesquisa de universitários

24/06/2025 - Atualizado em 24/06/2025 15h05

MANHUAÇU (MG) - Uma atividade de extensão universitária realizada por alunos dos cursos de Fonoaudiologia e de Medicina Veterinária revelou o cenário de exclusão social e informalidade enfrentado por catadores de materiais recicláveis que atuam no lixão de Manhuaçu.

Durante a ação, os estudantes aplicaram questionários estruturados a 14 catadores, com o objetivo de levantar o perfil socioeconômico do grupo. Os dados apontaram predominância de baixa escolaridade — 13 dos 14 entrevistados não concluíram o ensino fundamental —, jornadas de trabalho extensas, ausência de direitos básicos e histórico de exclusão do mercado formal de trabalho.

Rotina marcada por vulnerabilidades

A maioria dos entrevistados tem filhos e atua na catação há mais de cinco anos, sendo que dois relataram mais de três décadas de trabalho com materiais recicláveis. As faixas etárias variam entre jovens adultos e idosos, com concentração entre 25 e 55 anos.

Apesar da informalidade, os participantes demonstraram vínculo duradouro com a atividade, que é, em muitos casos, a única fonte de renda familiar. As entrevistas, realizadas diretamente no local de trabalho dos catadores, também revelaram dificuldades como falta de equipamentos de proteção, discriminação social e ausência de apoio público.

Extensão e escuta ativa

Coordenado pela professora Hilda Jaqueline Vieira Werly, o projeto intitulado “Olhar social: desafios e inclusão dos catadores no cotidiano urbano” integrou alunos do 1º período dos cursos de Fonoaudiologia e de Medicina Veterinária: Daniela Breder Vargas, Dhebora Emerick de Assumpção, Dirlene de Amorim Souza, Edgard Pio do Amaral, Edilainy Aparecida Ribeiro, Fernanda Ferreira de Freitas, Gisele Pierina dos Santos Belizario, Laylla Rodrigues Abrao, Mateus Henrique Pereira Rodrigues, Rafaela Eduarda Rocha do Nascimento, Raquel da Silva Gonçalves, Raquel Luiza da Silva Pessoa e Robson Oliveira Marques.

A iniciativa destacou a importância da escuta qualificada como ferramenta para compreender as necessidades e trajetórias de populações vulneráveis. Para os organizadores, o projeto reafirma o papel da universidade pública na promoção da cidadania e inclusão social, ao mesmo tempo em que amplia o campo de atuação da Fonoaudiologia para além do consultório.

A proposta é que os dados coletados sirvam de base para o desenvolvimento de futuras ações interdisciplinares e de políticas públicas voltadas à valorização e melhoria das condições de vida desses trabalhadores.

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