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CBH Manhuaçu mantém a luta pela recuperação da Bacia do Rio Doce

10/11/2025 - Atualizado em 10/11/2025 18h37

MANHUAÇU (MG) - Dez anos após uma das maiores tragédias ambientais registradas no país, membros dos comitês de rios afluentes da Bacia Hidrográfica do Rio Doce ressaltam a importância da união dos colegiados nas discussões relacionadas à restauração dos cursos d’água e avaliam a situação ambiental do manancial uma década depois do desastre, que provocou um grave impacto ambiental.

Passados dez anos, o rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, ainda, deixa cicatrizes no Rio Doce. O desastre ocasionou danos incalculáveis às comunidades ribeirinhas, aos povos indígenas que dependiam da pesca, e a população dos municípios atingidos.

Neste período, os representantes dos comitês nas porções mineira e capixaba do Rio Doce uniram esforços e potencializaram ações voltadas à preservação e recuperação da Bacia.

Para o presidente do CBH Manhuaçu, Senisi Rocha, a situação é marcada pela complexidade. “Eu defino a situação como extremamente complexa. Nós, que somos os verdadeiros gestores da Bacia, fomos surpreendidos com a criação da Fundação Renova, que gastou uma fortuna, uma fábula de recursos com compensações a produtores rurais e a atingidos. Muita gente ganhou muito dinheiro em função da tragédia, se gastou muito, não só em compensações, mas em processos diversos. Compensações que resultaram em restauração florestal e produção de informações sobre o Rio. Inclusive, não sabemos onde estão armazenadas essas informações, que são relevantes para que possamos compreender melhor nosso território. Talvez tenha sido uma das bacias mais estudadas nos últimos tempos no mundo e ao mesmo tempo os comitês ficaram alheios, não foram devidamente envolvidos nos processos. Nós participamos indiretamente de algumas ações, mas, como sempre os comitês foram ignorados. Com a repactuação isso se repetiu, os comitês não são participados. A situação é uma incógnita, é estranha pra nós que fazemos parte da Bacia porque ainda há muito rejeito de minério no leito do Rio, não se sabe a definição de tudo isso. Nós temos dilemas em regiões ribeirinhas, em povos e comunidades que dependem da água do Rio Doce e não sabem como utilizá-la, têm dúvidas quanto à qualidade dessa água, nós temos a economia e o turismo afetados, então são problemas de toda ordem, mesmo depois de tanto tempo que o crime aconteceu”, afirma o presidente do CBH Manhuaçu, Senisi Rocha.

Um dos avanços ao longo deste tempo foi a aprovação dos planos diretores de recursos hídricos das bacias dos rios afluentes do Doce. O plano diagnostica a realidade ambiental do território hídrico e define quais deverão ser as estratégias para solucionar os problemas identificados, em curto, médio e longo prazo.

De acordo com o presidente, os comitês não têm o espaço que deveriam ter na participação das definições. “Com relação aos acordos, é evidente que não atendeu satisfatoriamente o que se pretendia, que era restaurar, recuperar a nossa Bacia. Se provou em outro acidente aqui próximo a nossa Bacia, em Brumadinho, outro arranjo, a própria empresa resolveu enfrentar e resolver o problema, ao contrário do que aconteceu no Doce, que é criar um corpo estranho, a Fundação Renova, que é algo que partiu do zero, não existia na no território, ignorando completamente as entidades que cuidavam do Rio, como os comitês de bacias. Optou-se por esse corpo estranho que se provou ineficiente e ineficaz, depois acabou por se mudar esse arranjo. Então está muito aquém do necessário e do devido. Se desperdiçou muito dinheiro, batendo cabeça, discutindo o que fazer, por ser algo nunca visto no mundo. Então, lamentamos o que foi construído ao longo desses tempos e acreditamos que o necessário é utilizar os planos das nossas bacias. Documentos fundamentais e preciosos que construímos, com muito trabalho e esforço, mas, que as entidades públicas que cuidaram desse novo acordo, ignoraram. O plano de bacia concebe todas as ações para melhorar a quantidade e qualidade da água e nós não temos recursos suficientes para suas execuções", completou Senisi.

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