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MANHUAÇU (MG) - O projeto “Revivendo a História”, da Escola do Legislativo da Câmara Municipal de Manhuaçu, descobriu um documento que demonstra como a antiga ferrovia que cortava a cidade reorganizou o cotidiano do município. Essa reorganização ocorreu com a retomada das viagens de trem que ligavam as estações de Barão de Mauá, Caratinga, Recreio, Ubá e Manhuaçu. A descoberta faz parte do programa implementado este ano no poder legislativo e que busca recuperar registros históricos do acervo da casa.
O documento enviado pela Estrada de Ferro Leopoldina ao então presidente da Câmara Municipal de Manhuaçu, Altivo Estanislau, em 17 de dezembro de 1955, ajuda a compreender um período em que o transporte ferroviário influenciava decisões locais, deslocamentos e relações econômicas na região. A correspondência anuncia a retomada de trens noturnos e expressos que ligavam Barão de Mauá, Caratinga, Recreio, Ubá e Manhuaçu.
O texto informa que esses serviços haviam sido reduzidos durante a Segunda Guerra Mundial. A diminuição ocorreu por falta de combustíveis, pela dificuldade de reposição de peças e pela concentração de recursos do governo federal no transporte ligado ao esforço de guerra. A situação levou à suspensão de viagens e à manutenção de poucos horários semanais.
O comunicado de 1955 registra que os trens voltariam a circular com maior frequência. A empresa relata a criação de novos horários, a ampliação do atendimento e a intenção de restabelecer ligações que favoreciam a população da Zona da Mata. O registro mostra que a Câmara de Manhuaçu recebia informações diretas sobre mudanças no sistema ferroviário, o que indica o papel importante das instituições locais nas negociações com a administração da Leopoldina.
Nesse período, sob a presidência de Altivo Estanislau, a Câmara Municipal exercia uma função estratégica na mediação entre os interesses da população e as decisões das grandes empresas de infraestrutura. A interlocução com a Estrada de Ferro Leopoldina evidencia como o legislativo municipal atuava na defesa dos serviços essenciais, acompanhando de perto questões que impactavam o cotidiano dos moradores e o desenvolvimento regional.
Thomaz Júnior