Soldado Assis e Cabo Zinis foram ouvidos acompanhados de um oficial da PM, Tenente Reis, e do advogado Maurício Júnior |
Aconteceu na tarde de quinta-feira, 13, na 6ª Delegacia de Policia Regional de Polícia Civil, o depoimento dos dois policiais acusados do terem espancado e provocado a morte do pedreiro Expedito Alves, no dia 3, no trajeto entre Simonésia e Manhuaçu. Cabo Zinis e Soldado Assis foram ouvidos separadamente e acompanhados pelo advogado Maurício Júnior e pelo Tenente Reis, da Polícia Militar. Ambos preferiram não dar declarações à Polícia Civil e se reservaram no direito de só falar em juízo.
No dia 3 de janeiro, Cabo Zinis e Soldado Assis fizeram a prisão de Expedito Alves de Oliveira depois que abordaram Jean Carlos de Souza, 22. O rapaz estava na motocicleta emprestada pelo pedreiro, não tem habilitação e sem os documentos. Expedito recebeu voz de prisão por entregar veículo a inabilitado.
No trajeto até a delegacia de Manhuaçu, os policiais pararam duas vezes. A primeira a pedido do pedreiro para urinar. A segunda, num posto de combustíveis cerca de um quilômetro antes da delegacia, para que ele e um policial lavassem as mãos. Na versão dos PMs, Expedito sofreu uma queda embriagado e se sujou de lama.
Familiares do pedreiro questionam o comportamento dos policiais. Eles argumentam que há demonstrações de espancamento, acharam estranho essa parada no posto e nem avisaram a família de que o pedreiro havia morrido.
O advogado de defesa dos dois militares, Maurício Júnior, diz que o interrogatório foi um procedimento normal. Ele argumenta que o caso é de competência exclusiva da Polícia Militar. “A Polícia Militar abriu um inquérito policial militar e, no nosso entender, é um crime militar que está sendo analisado e é competência específica da PM”, afirmou. O advogado também não anunciou qual será seu posicionamento sobre o caso. “Estamos acompanhando tudo, mas só vamos nos pronunciar sobre a defesa após a finalização do inquérito e o indiciamento. Estamos com suporte do nosso escritório em Manhuaçu e de um escritório de Belo Horizonte especializado nesse tipo de caso”, registrou.
Advogados Alex Barbosa (OAB) e Maurício Júnior (defesa dos policiais) e, abaixo, o delegado Getúlio Lacerda |
O Delegado Getúlio Lacerda explicou que os dois militares utilizaram o direito de não falar e se negaram a dar qualquer declaração na Polícia Civil. Mesmo assim, ele argumenta que o inquérito caminha para sua conclusão: “Temos muitos elementos e provas sobre o crime e não sei ainda se vamos fazer a reprodução simulada ou reconstituição dos fatos. Temos informações suficientes já no inquérito”.
Na semana passada, a Justiça Militar decretou a prisão preventiva dos dois policiais Zinis foi levado para o batalhão de Ipatinga e Assis para Itabira.
Segundo Getúlio Lacerda, a Polícia Civil também pediu a prisão preventiva dos dois policiais na Justiça Comum. A alegação é de que, mesmo estando os dois sob custódia da Polícia Militar, caso haja um relaxamento da prisão por parte da Justiça Militar, o pedido é para impedir que os dois sejam libertados, até a conclusão das investigações.
Jailton Pereira - portalcaparao@gmail.com