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Segurança

Roubo de caminhões: Delegados e investigadores presos

27/04/2011

Dois delegados e dois investigadores da Polícia Civil, além de um vistoriador de veículos do Detran-MG , foram presos nesta terça-feira suspeitos de envolvimento em uma quadrilha especializada em roubo e adulteração de veículos. Com eles, chega a pelo menos 25 o número de pessoas presas por envolvimento no grupo, das quais 12 já foram denunciadas pelo Ministério Público Estadual (MPE). Há suspeita que o grupo possa ter roubado mais de 10 mil veículos na Região Sudeste do Brasil.

Foram presos o delegado de São Joaquim de Bicas, na Grande Belo Horizonte, Geraldo Toledo Neto, e de Rio Preto, na Zona da Mata, Alexandre Pereira, que já havia sido afastado de suas funções pela Corregedoria da Polícia Civil. Já um dos investigadores preso trabalha na capital e outro em Mateus Leme. O vistoriador atuava no Ciretran de Rio Preto. Todos foram presos por meio de um mandado de prisão temporária expedido pelo MPE, com base em uma investigação da Polícia Civil em curso desde setembro de 2010.

De acordo com o delegado de Abre Campo, Carlos Roberto de Souza, que comanda a investigação, o suposto envolvimento dos policias foi levantado pelo MP, que acompanha o caso. "Temos agora cinco dias, que é o prazo da prisão temporária deles, para investigar qual a participação deles na quadrilha. Acredito que o envolvimento deles é ínfimo perto da complexidade e da intensa atuação de outras pessoas no esquema", revela o delegado.

O caso começou a ser investigado ainda em 2009, quando o delegado percebeu um aumento expressivo do roubo de caminhões na BR-262, na Zona da Mata mineira. "Conseguimos prender o grupo que praticava os roubos que, por sua vez, denunciou a participação dos receptadores, entre eles um vereador e um candidato à prefeito na época, ambos da região", conta o delegado Carlos. Ele destaca que os ladrões roubavam os veículos sob encomenda e cobravam cerca de R$ 500 pelo serviço.

Segundo o policial, o grupo era liderado por um despachante de Volta Redonda, interior do Rio de Janeiro, que simulava leilões de veículos do Exército. Identificado como André Lanes, ele foi preso há cerca de dez dias. "Ele fraudava documentos das Forças Armadas para simular os leilões para que os Detrans fizessem os registros. Como os veículos do Exército não têm placa, com o documento falsificado era como se os caminhões tivessem acabado de sair da fábrica", descreve o delegado. Ele ressalta que Lanes cobrava até R$ 15 mil por cada documento, de acordo com o modelo do veículo.

O delegado destaca que a parte mais difícil da investigação foi comprovar a adulteração dos veículos, já que o registro deles é oficial. "Até agora conseguimos comprovar a fraude em 1.249 veículos nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro, mas nossa estimativa é que o número possa chegar a mais de 10 mil. Sabemos que o grupo atuava também em Goiás e Santa Catarina".

O investigador acrescenta ainda que há possibilidade do quadrilha ter ramificações em todo país. "O Detran está empenhado em cruzar todos os dados de veículos roubados com os de registrados desde 2006. Se for feito a nível nacional, pode chegar a um número impressionante de veículos adulterados", diz.

Daniel Silveira - Estado de Minas - www.uai.com.br

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