Um acordo proposto durante a reunião da Câmara de Vereadores de Manhuaçu, na manhã de terça-feira, 21, garantiu uma solução temporária para a paralisação dos atendimentos de plantão de obstetrícia e pediatria do Hospital César Leite.
Na sessão que discutiu o tema, o Prefeito Adejair Barros propôs que a Administração de Manhuaçu participe com 30 mil reais e o Hospital César Leite com mais trinta mil para garantir o atendimento parcial da reivindicação dos médicos. A solicitação é de que seja concedido um prazo até o final de julho para dar andamento nas negociações.
“O impasse é muito grande, pois envolve todo um corpo médico e uma série de questões quanto ao pagamento desses atendimentos. Eu considero que o Ministério Público é fundamental para chegarmos a um entendimento com as prefeituras vizinhas. Esse prazo que propusemos é essencial para isso”, afirma Adejair Barros. Manhuaçu atende a 26 cidades e todos devem ser chamados.
Para o presidente da Câmara de Manhuaçu, Renato Cezar Von Randow, a reunião com a presença dos vereadores, a diretoria do Hospital César Leite, o Conselho de Saúde e o Secretário de Saúde Luiz Carlos Lemos Prata com alguns médicos permitiu um diálogo maior. “O hospital é regional e precisa do apoio da região para manter justamente esse atendimento eficiente a toda a população. Montamos aqui uma comissão que vai agilizar essas conversas durante o prazo estipulado até o final de julho. Eu acredito que vamos conseguir uma solução para esse impasse”, afirmou Renato Cezar.
A comissão é composta pelo Secretário de Saúde Luiz Prata, o Presidente do Conselho de Saúde Nelson de Abreu, a presidente da Comissão de Saúde da Câmara Maria Imaculada Dutra Dornelas e o Provedor do HCL Sebastião Onofre de Carvalho.
Segundo o Diretor Técnico do HCL, Dr. Gláucio Martins, o valor repassado pelo SUS para a pediatria e a obstetrícia é R$ 118 mil por mês. O argumento é que o valor deve atingir 230 mil reais e atenderá também para manter os serviços de ortopedia, cirurgia geral e da UTI.
Os médicos solicitam basicamente duas questões: o plantão presencial com a permanência do profissional no HCL. Atualmente, o médico fica de sobreaviso e vai ao hospital quando solicitado.
A remuneração do plantão de 12 horas subiria de 250 para 650 reais, perfazendo 1.300 reais por 24 horas.
REIVINDICAÇÕES JUSTAS
O Secretário de Saúde de Manhuaçu, Dr. Luiz Prata, explicou que essa situação vem se alongando há alguns anos e agora se chegou a um momento crítico. “Fizemos um estudo com as cidades do porte de Manhuaçu, os valores pagos pelos convênios e a tabela do SUS. Realmente concluímos que a reivindicação dos médicos é justa, tem fundamento e lógica. Se eles deixarem o plantão e forem para o consultório irão receber mais. A remuneração tem que ser boa para o médico e para a instituição e ainda transmitir para a população a segurança necessária na proteção da sua vida”.
A vereadora Maria Imaculada Dornelas, da Comissão de Saúde, explicou que chegou a procurar o Ministério Público e viu que o prazo não seria suficiente. “Se pudéssemos falar que cada cidade assumisse a sua obrigação e se virasse com o problema dele, mas não é desse jeito que funciona. Temos que buscar uma solução que consiga atender a demanda dos profissionais, mas especialmente manter o serviço à comunidade e para isso precisamos de prazo”.
Apesar de realizar cerca de 250 partos por mês, os números mostram que 46% do atendimento é de Manhuaçu e os outros 54% de pessoas dos municípios vizinhos.
O provedor do HCL, Sebastião Onofre, ressaltou que a solução para isso passa por mais recursos para o pagamento do valor solicitado pelos médicos, o que importa num investimento de mais 120 mil reais mensais. “Temos uma preocupação muito grande, pois o hospital oferece toda a estrutura, profissionais e tudo mais para o atendimento, mas sem o médico não temos como fazer nada”, concluiu.
Carlos Henrique Cruz / Fotos Jailton Pereira - portalcaparao@gmail.com