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Filhos autoritários: palestra na Escola do Futuro

15/06/2012 - Atualizado em 15/06/2012 16h46
 

“Filhos autoritários de pais obedientes” – O tema da palestra promovida na noite de segunda-feira, 11, na Escola do Futuro mobilizou dezenas de pais para a reflexão sobre a geração de filhos cada vez mais ligados em novas tecnologias. Os impactos do empoderamento de crianças e adolescentes na formação e no futuro delas foram os principais pontos do encontro que mostrou ponderações, dicas e mecanismos para uma relação melhor na família.

A palestrante foi a pedagoga e especialista em educação, Renata Gazzinelli, que é gerente de relacionamento da Rede Pitágoras de Ensino. Durante a apresentação, ela buscou refletir como foi a criação da atual geração de pais para comparar as mudanças que a sociedade vivenciou. “A capacidade dessa criança de escolher é muito maior do que a da época da geração dos pais. Aí chega um momento em que eles não têm a maturidade e vivencia suficiente. Essa inversão de papeis em que os filhos é que estão definindo algumas situações cotidianas, traz alguns perigos e riscos para essa família. Os pais ficam à mercê de situações que terão consequências desastrosas”.

Gazzinelli explicou que a sociedade hoje atravessa uma inversão de papeis que não é muito interessante. Os pais se tornaram, de certa forma, reféns dos filhos. Sentem-se inseguros por não saber o que fazer com essa mudança de papeis. “Basta a pessoa reparar. Os filhos é que determinam. Eles é que sabem que tipo de tv comprar, quais os móveis, a cor da parede. Na hora de ir ao supermercado, os filhos escolhem os produtos. Na hora de comprar um eletrônico, eles é que decidem. Os pais sabem cada vez mais que os filhos têm um poder de decisão e vão abrindo o cerco. Chega uma hora que se confunde”, pontua.

GERAÇÃO DIGITAL

Renata Gazzinelli explica que os pais foram criados num período autoritário e se tornaram obedientes. Quando chegou a hora de cuidarem da formação dos filhos, deram mais liberdade de escolha. Os pais atuais obedeciam aos pais deles e agora estão obedecendo aos filhos.

Ela argumenta que a geração atual tem uma ligação muito grande com novas tecnologias. Vive um mundo digital. “São filhos de um mundo completamente diferente do que o dos pais. Não conhecem máquina de escrever, rádio de pilha ou telefone com fio. Eles chegaram numa era que já não havia isso. Isso por si só já traduz a natureza dessa geração. Eles desconhecem o contexto da geração dos pais e por isso se acham na condição de que sabem muito mais, pois são os consultores de tecnologia dos pais”, argumenta.

A pedagoga cita como exemplo os pai que compra uma máquina fotográfica digital e entrega para o filho usar. “Ele dá um poder para o filho. Dentro dessa circunstância está correto, mas o adolescente coloca esse poder em tudo. Entende que pode decidir a hora que sai, chega, o que bebe e que tipo de uso faz de sua vida. Ele precisa entender que ele tem poder apenas num aspecto e na maior parte das coisas ele depende do pai ou da mãe”, orienta.

A conversa com os pais teve um segundo momento mais focado na orientação. Gazzinelli diz que a tecnologia é um benefício e os filhos serão o futuro. O que ela recomenda é um ajuste de rumos. Em que o pai ou a mãe mantêm o controle da relação. “Deixamos passar e agora estamos colhendo um preço de certa forma alto por isso. Os jovens estão chegando ao mercado de trabalho totalmente desalinhados, sem propósito e com um sentimento de prepotência muito grande. Os pais estão notando que o filho realmente não estava tão preparando. É importante discutir, refletir e se informar para agir melhor. Saber o que é da geração e o que é importante ter um adulto por trás. Em todo momento, temos que pensar eu sou o adulto dessa relação e temos que definir alguns critérios”.

A palestra terminou com dicas, ponderações e reflexões sobre como agir nos momentos de conflito. A hora de ser mais firme, tolerante ou flexível.

COMPROMISSO

Para a educadora, a iniciativa coordenada pela Professor Beatriz Almeida, Diretora Pedagógica da Escola do Futuro, demonstra que a escola é uma aliada dos pais. “A Escola do Futuro está engajada em oferecer aos pais um momento de reflexão. Isso denota a seriedade, o compromisso dela e o zêlo com a educação dos jovens. Isso legitima o papel predominante que essa escola tem aqui em Manhuaçu. Por outro lado, dá aos pais uma segurança muito grande de saber: A escola que eu escolhi para o meu filho estudar, valoriza ações com a família e o relacionamento. A escola não é só para o filho. Os pais têm que voltar para a escola. Devem participar sempre”, recomenda.

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