CARANGOLA (MG) - Um trágico acidente de moto, que vitimou um adolescente de apenas 15 anos, desencadeou um ato de solidariedade em Carangola. Os familiares autorizaram a doação múltipla dos órgãos do jovem, que havia sofrido morte encefálica: por volta das 19h desta quarta-feira (19/11), um helicóptero transportando o coração e os rins dele decolou da cidade no interior de Minas rumo à capital.
Hugo Oliveira, enfermeiro coordenador da UTI adulto e membro da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (Cihdott) da Casa de Caridade de Carangola, destaca a importância das doações múltiplas de órgãos. "Essa situação é a oportunidade de ajudar três, quatro, às vezes cinco, seis ou até sete pessoas a terem uma condição de vida melhor, uma qualidade de vida melhor. Elas estão numa fila, ansiosas por receber um órgão", sintetiza.
Apesar da relevância, Oliveira pondera que ainda há pouca reflexão sobre as doações múltiplas de órgãos. "As famílias, a maioria das pessoas, não gostam de pensar na morte de um ente querido, mas essas coisas acontecem; são situações com que a gente precisa estar mais familiarizado", pontua. "É um momento difícil, um momento de luto para uma família, só que é a oportunidade, uma última oportunidade, de ajudar várias pessoas", complementa.
Justamente devido à delicadeza desse tipo de situação, o ideal é que as pessoas manifestem com clareza, aos familiares, o desejo de doar - ou não - os órgãos. "Na hora do luto, na hora do quadro trágico, não é a hora de convencer ninguém a mudar de opinião; é necessário que a família já esteja com a opinião formada", orienta.
Foi esse o caso dos parentes do adolescente de Carangola, que já haviam decidido pela doação. "O tema doação de órgãos partiu da família para nós, da equipe", relata o enfermeiro. De acordo com ele, foi essa agilidade que permitiu, inclusive, que o coração do jovem fosse disponibilizado para transplante.

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