Durante a realização da semana do Juiz na escola, em Caputira, o Juiz de Direito da Comarca de Abre Campo, Marcos Vinicius do Amaral Daher, palestrou para estudantes e professores.
A iniciativa da prefeitura teve como finalidade aproximar os trabalhos desenvolvidos pela Justiça dos alunos e esclarecer comportamentos e atitudes. Dentre os assuntos, a questão das drogas, a violência e a postura de pais e educadores.
Dr. Marcos Vinícius do Amaral destaca que o tema violência na escola foi um dos assuntos debatidos. “Pudemos esclarecer o que constitui um ato indisciplinar do aluno e um ato infracional. Existe uma grande inverdade em relação a essa questão do menor. Algumas pessoas pensam que menor não sofre reprimenda, correção ou processo. Ledo engano. É um processo diferenciado, mas com conseqüências de acordo com sua condição física e mental e sua idade. Tentamos colocar para professores e diretores quais as suas atribuições no sentido de resolver as questões de indisciplina e aquilo que é competência do conselho tutelar e do juiz da infância e da juventude”.
O juiz destaca que alguns educadores temem tomar providências. As professoras e diretores de escola não devem se omitir ao verificar essas condutas. Se for um ato de indisciplina, devem agir de acordo com os regulamentos da escola.
“Alguns têm receio de não ter conflitos com os pais e outros professores ou com o próprio aluno na sala de aula. Nas cidades menores e na zona rural, esse receio é mais intenso. Existe o receio de não desagradar. Todos se conhecem e muitos são parentes e existe um certo receio de tomar determinadas providências”, destacou.
O magistrado contou que já teve casos de alunos indisciplinados que foram suspensos pela diretoria da escola. O pai foi ao colégio e disse que o filho não vai voltar mais para a escola. “Isso causa um conflito e um constrangimento que a escola tem que adotar as providências, mas fica constrangida em tomá-la por causa de um pai como esse, que acha que o filho pode fazer tudo quanto há de errado e que ele não precisa ser corrigido”, afirmou o juiz.
Dr. Marcos Vinícius do Amaral Daher explicou que os pais, como integrantes da família, são a base da sociedade. Para ele, se não houver uma família bem estruturada, zelada e bem tratada, certamente não vai ter um jovem em condições de assumir as suas responsabilidades na sociedade.
“Eu sempre digo que é precisamos de uma parceria. Não adianta querer ou exigir que a escola ou família resolvam os problemas sozinhos. É preciso que escola, família, igreja, poder público e comunidade devam atuar em conjunto”, destacou.
DROGAS
O juiz ainda comentou o problema das drogas em Caputira e considerou umas das questões mais graves. “Deixei bem claro as situações ilegais que ocorrem e elas chegam em Caputira pelas estradas. Solicitei que sejam tomadas providências mais efetivas, eficazes e rigorosas no sentido de coibir essa prática. É preciso fazer diligências mais rigorosas. Os veículos e pessoas que chegam à cidade devem ser melhor observados e investigados”, ressaltou o juiz, lembrando que Caputira é uma cidade interligada por vários acessos e isso facilita a entrada de drogas.
O magistrado também falou sobre o problema da violência contra os estudantes. “Todas as escolas sofrem com esse tipo de violência, mas em Caputira é de uma forma mais significativa. Isso é um problema antigo, mas agora recebeu um conceito ou uma definição, resumida na palavra inglesa bullying. Ele pode se manifestar desde agressões psicológicas, como ameaças, chacotas, apelidos, até a agressão física. Sugerimos várias providências que podem ser adotadas”, concluiu.
A iniciativa repercutiu muito positivamente junto à comunidade escolar de Caputira e elogiada pelos professores e lideranças.
Carlos Henrique Cruz - portalcaparao@gmail.com