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Durante entrevista, o Prefeito Renato Cezar esclareceu ações de governo e dificuldades da Administração |
Depois de 70 dias no cargo de prefeito de Manhuaçu, o empresário Renato Cezar Von Randow (Renato da Banca) concedeu entrevista ao radialista Moreira Lopes, do Programa Show da Manhã da Rádio Manhuaçu, na última semana, e apresentou as principais dificuldades, impressões, conquistas e desafios desse período em que administra o maior orçamento público da região. Na entrevista, ele explicou a indefinição sobre o terreno para a construção do Instituto Federal de Educação Tecnológica (IFET), os problemas com o sistema de notas-fiscais eletrônicas e as medidas que tomou para garantir a limpeza da cidade e o início de obras.
Mesmo sabendo que existem recursos do Prefeito Adejair Barros buscando a revisão da decisão de afastamento dele do cargo, como é administrar a cidade nessa situação?
RENATO VON RANDOW: Assumir o comando da prefeitura de Manhuaçu, que tem um dos maiores orçamentos da região, é uma situação de muita responsabilidade. Lógico que não gostei das circunstâncias. Não fugi à responsabilidade que o cargo me impõe. Tenho uma obrigação e agora a certeza de fazer alguma coisa por Manhuaçu.
Temos pouca experiência no Poder Executivo, mas tenho um grande conhecimento e vivência de gestão como presidente da Câmara por duas vezes, dirigente de entidades e empresário. Já estava à par de vários projetos e situações de Manhuaçu, o que de certa forma me ajudou bastante. Sempre fiquei temeroso, pois não sabia detalhes do que acontecia nos bastidores, nas engrenagens da máquina pública e nas autarquias, como SAAE e SAMAL.
Ao mesmo tempo, sei que tenho muitos amigos que poderiam me ajudar, bem como servidores públicos comprometidos e capacitados para conduzir as ações da Administração. Essas pessoas estão comigo me auxiliando nessa fase de uma nova visão administrativa de crescimento de Manhuaçu.
Num primeiro momento, tive que buscar colocar ordem e evitar ampliar a turbulência que a cidade viveu com essa mudança brusca. As providências foram para acalmar politicamente a Prefeitura, o SAAE e o SAMAL. Sabíamos que tínhamos problemas e procuramos resolvê-los.
Por outro lado, tivemos uma vantagem em relação a várias cidades próximas, que foram castigadas pelas enchentes, em Manhuaçu as chuvas foram minimizadas por Deus. O impacto foi menor e assim conseguimos atender melhor as demandas da nossa população.
A formação da equipe de trabalho? Foram poucas mudanças nos cargos de pessoas mais próximas. Como foi essa transição?
Não adianta mudar uma equipe dirigida por outro de forma brusca para colocar alguém que não entenda do serviço. Já conhecia todos os secretários e diretores, afinal eu era presidente da Câmara e me relacionava com eles. Reuni com os secretários e convidei para que ficassem comigo, auxiliando nesse momento.
O Samal foi o primeiro foco. Havia uma questão de limpeza da cidade que estava deixando a desejar. A Usina de Lixo também estava acumulada e vimos que é um problema que não se resolve rapidamente. Conseguimos algumas medidas com o então diretor do SAMAL, mas foi pouco, perto do que precisávamos.
Fizemos ajustes depois de alguns problemas internos no SAMAL e convidamos um outro profissional, o Márcio Bahia, para o cargo. Alteramos os diretor do SAAE, com a entrada do Heron de Souza, bem como da Secretaria de Obras, com o engenheiro Francisco Vallory Nunes. Convidamos profissionais que já atuavam na estrutura da prefeitura e conheciam a máquina pública. As mudanças, diga-se de passagem, foram para melhor.
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Prefeito Renato Cezar durante reunião com servidores do SAAE |
Na Secretaria de Fazenda, como o Rômulo do Carmo Rodrigues teve que assumir a vaga de vereador, convidamos o empresário Cristóvão Rocha. Outros ajustes foram para melhorar e dar mais dinamismo a alguns setores, como o Planejamento com o Sávio de Carvalho e a ampliação do corpo de assessores jurídicos.
No setor jurídico, temos visto que há milhares de ações na Justiça ou paradas na assessoria que se acumularam ao longo dos anos. Conversei com o procurador Dr. Carlos Roberto Carraro para verificar, dentro dos meios legais, negociar ou pagar os valores mais baixos, até mil reais, quando for realmente devido. Queremos minimizar esses problemas para a prefeitura e até para aliviar a Justiça.
O período de cobranças deve ter sido mais intenso após as chuvas, por causa de buracos, mas em geral quais os principais desafios?
Quando assumi, por estar no final do ano, enfrentei, como primeiro obstáculo, o término dos contratos de licitações. Quase todos os materiais licitados, asfalto por exemplo, estavam se encerrando justamente nos dias em que assumi a prefeitura. Em seguida, vieram chuvas e outros transtornos.
Um processo licitatório demora de 15 a 45 dias, dependendo do que for e das empresas. Isso tudo demorou para conseguirmos contratar asfalto frio, asfalto quente, máquinas e caminhões que são agregados à Secretaria de Obras. Depois, conseguimos fazer uma primeira operação tapa-buracos. Fizemos também uma limpeza em alguns bairros, especialmente na margem da BR-262, no perímetro urbano. Foram 114 caminhões de entulho retirados só na primeira ação.
Em alguns locais, já houve moradores jogando lixo de novo. Além disso, iniciamos mutirões nos bairros de toda a cidade. Estamos agindo com SAMAL e Secretaria de Obras, enquanto a equipe de combate a dengue da Secretaria de Saúde também auxilia orientando e pedindo os moradores para retirarem o entulho de seus quintais. É muita coisa a ser feita, mas vamos continuar.
As chuvas causaram muitos problemas nas estradas rurais?
Conseguimos ganhar o material que foi retirado do recapeamento da rodovia BR-116 e isso está ajudando bastante num trabalho que estamos fazendo de recuperação das estradas rurais. Fizemos o serviço em Bom Jesus de Realeza e estamos fazendo o acesso de Manhuaçuzinho e vamos até as regiões de Palmeiras, Sacramento e as áreas de Taquara Preta e Ponte do Silva.
Como é pouco material, já estamos conversando com proprietários rurais e vamos utilizar bauxita, que também garante um serviço muito bom. É um trabalho que deixará todos muito satisfeitos. Demos prioridade às estradas nesse período que antecede a safra de café e que exige boas condições para o transporte escolar e para quem reside na zona rural.
O projeto Minha Casa, Minha Vida é muito comentado, mas nunca saiu do papel. Agora podemos acreditar que as obras vão acontecer mesmo no chamado Clube do Sol?
Assim que assumimos a prefeitura, mostramos ao Lúsio Marçal (Gerente da Caixa) a demanda de Manhuaçu. Abrimos um novo credenciamento e a Alfa Imóveis ganhou o processo para construir os 288 apartamentos dentro do programa do Governo Federal. Algumas máquinas da prefeitura já começaram a abrir as ruas e fazer a infraestrutura básica do empreendimento. No futuro, queremos utilizar também a área que foi devolvida pelo IFET no Clube do Sol e teremos espaço para outros 600 ou 900 apartamentos. Quero ver se começamos esse projeto ainda em Março.
Manhuaçu foi pioneiro na implantação do sistema de notas fiscais eletrônicas, mas os contadores e empresários estão cobrando que nos últimos dias o sistema tem apresentado dificuldades. Isso representa transtornos e prejuízos, inclusive na arrecadação municipal. O que aconteceu efetivamente?
O sistema de nota fiscal eletrônica é fornecido por uma empresa terceirizada contratada para isso. A licitação dela vinha sendo renovada há alguns anos, mas a empresa decidiu que não era interessante mais manter o contrato com o Município, por conta do preço do serviço. No dia 20 de dezembro, eles decidiram que não iriam assinar o aditivo.
Conseguimos, depois de muito diálogo, que mantivessem o sistema até a nova licitação. Houve o procedimento e outra empresa venceu o certame. No dia 20 de fevereiro, era o prazo final. A questão é que quem perde, sem culpar essa ou aquela empresa, não se esforça muito pela migração para a nova empresa. A nova fornecedora do sistema de NFe já está terminando o processo e vai ser reestabelecido. Peço a compreensão dos contribuintes, mas já estamos resolvendo.
Por falar em software, outro problema que encontramos é que o sistema informatizado da prefeitura era totalmente descentralizado. Várias empresas atendiam setores diferentes e os sistemas não se comunicavam. Tínhamos dificuldades em saber a movimentação da contabilidade, tesouraria, cadastro imobiliário, educação e saúde. Agora, com a licitação que estamos realizando, queremos um software integrando toda a estrutura do município.
Estamos fazendo uma licitação para implantar também o portal da transparência e acreditamos que em pouco tempo tudo já esteja funcionando. A população vai saber toda a movimentação e conhecer a aplicação dos recursos do município.
Surgiram recentes comentários sobre a demora para definição de um novo terreno para a construção do IFET em Manhuaçu. A Administração está tomando alguma providência para resolver isso?
Isso se tornou algo impressionante. Foi devolvido o terreno do Clube do Sol, que já tinha sido doado ao IFET. Depois, foi prometido um terreno perto do cemitério Campo das Flores, mas é uma área que está numa demanda entre herdeiros. Por fim, um empresário ofereceu um novo terreno na Ponte da Aldeia. Conversei com a equipe técnica do IFET e vimos que a área dele não é só pegar e pronto. É preciso fazer uma infraestrutura com rua de acesso e outras benfeitorias que ficaria, segundo o levantamento, num valor bastante alto. Ao mesmo tempo, estamos verificando uma área com a FUMAPH. Estamos procurando um terreno em que o Município não tenha que gastar milhares de reais e que os alunos também tenham condição de estudar. Não vou adiantar as negociações internas, para não criar falsas expectativas.
Outra coisa que quero esclarecer é que não há essa história de que o IFET vai ser transferido para outra cidade. É uma inverdade. Não existe isso. Já estivemos com diretores do IFET, nos reunimos com o Deputado Federal João Magalhães e já me comprometi, em trinta dias, a mostrar para a população um terreno para esse projeto. A obra realmente está licitada, mas já estou resolvendo esse assunto com a responsabilidade que ele requer. Fora isso, o que vemos são agitadores querendo criar polêmica onde não existe.
Eu posso garantir à população que o IFET não sai de Manhuaçu para outra cidade. Outro absurdo são algumas pessoas que falam por aí que alguns vereadores não querem a obra. Na realidade, os vereadores e eu estamos é atentos para não fazer farra com dinheiro público. Em uma área aí, não vamos fazer investimento público, conforme me mostraram que não era adequado.
Realizar ou não o Carnaval? Existem pessoas que não gostam e outras que querem a festa. Qual foi o posicionamento afinal do Prefeito em relação a esse ponto?
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Diálogo com os vereadores e outras instituições foi apontado como ponto positivo. |
Quem me conhece sabe que eu gosto de Carnaval e já participei das festas em Manhuaçu, nos tempos das melhores comemorações.
Quando assumi a prefeitura, não havia processo algum em andamento para realizar o Carnaval de Manhuaçu. Fiz contatos com alguns empresários, mas para trazer um bom trio elétrico, trazer algumas bandas boas e ajudar as escolas e blocos, gastaríamos cerca de meio milhão de reais para fazer, às pressas, uma festa mais ou menos. Além disso, o momento político não ia ser o ideal. Não iria gastar tanto dinheiro com os recursos da prefeitura na festa do Carnaval, sendo que precisamos de outros investimentos mais prioritários, como um caminhão prensa para recolhimento do lixo.
Se a festa tivesse sido planejada antes, seria mais barata. Reunimos com amigos e secretários e foi unanimidade que não deveríamos fazer uma folia à toque de caixa. Decidi que era melhor investir em outras festas ao longo do ano do que no Carnaval, que Manhuaçu perdeu a tradição.
Eu acho que devemos fazer uma grande festa, mas buscando recursos do Ministério do Turismo e de outros financiadores e não o dinheiro que deveria ser usados nas obras e nas prioridades da nossa cidade. Quem gosta de Carnaval vai compreender a minha posição, pois não tivemos prazo para isso.
Temos que colocar o servidor com ferramentas adequadas para podermos administrar melhor. Temos muita coisa para fazer em Manhuaçu. Então acredito, na minha consciência que agi de forma correta e com a prudência necessária.
Uma cobrança da população, que inclusive foi tema de várias reportagens, foi a questão do lixo no cemitério. Que providências foram adotadas?
No ano passado, o cemitério passou por uma reforma muito grande e ficou limpo, mas depois veio um vendaval e aconteceram danos em túmulos. Fomos até o local com equipes do SAMAL e da Secretaria de Obras e fizemos um paliativo. Tivemos autorização da Câmara e vamos fazer um trabalho mais forte lá com uma equipe de dez ou quinze profissionais. Vamos retirar todo entulho e restos de caixões e roupas. Infelizmente, há alguns dias, pedimos aos nossos funcionários para retirar tudo colocar num canto, mas alguém passou e botou fogo. Agora, o SAMAL recolhe a cada dois dias e não está se acumulando mais.
Outra reclamação é com relação a buracos nas ruas. Existem alguma dificuldade para executar a operação tapa-buracos?
Estamos terminando até terça-feira, a recuperação do asfalto até Ponte do Silva. Nesta semana, vamos retomar os serviços em vários bairros da cidade e vamos atuar na região da rodoviária.
A população faz suas cobranças e tem razão em reivindicar, mas peço um pouco de paciência e confiança para tentar atender ao máximo.
Existe um registro, no Centro da cidade vaza água o dia todo, mas é de propósito. Pode parecer piada, mas é um registro que não está funcionando. Ele desgastou e aí se fecharmos vai faltar água na cidade. Enquanto a licitação não consegue comprar as peças, eu prefiro que fique assim, mas é para não prejudicar a comunidade. Sei dos problemas, quero resolver, mas nem sempre funciona com a velocidade que eu gostaria.
Estive também com diretores das empresas de ônibus e vamos fazer alguma coisa pela rodoviária. Não vai ser possível construir uma nova rodoviária, mas vamos melhorar o que temos lá.
A questão de lixo, mato e entulho. Vamos contratar uma força tarefa para realizar realmente um grande trabalho em toda a cidade. Eu garanto que nosso esforço é para fazer o melhor.
portalcaparao@gmail.com